Opinião
ONOFRE RIBEIRO – Nós, 2023, as certezas e as incertezas
O ano de 2022 não poderia ter terminado pior no Brasil e no mundo.
Os desdobramentos recentes da pandemia do corona vírus e a guerra entre Rússia e Ucrânia. Esses dois eventos jogaram no chão e na cara do mundo as fragilidades da civilização. O mundo entrou em 2023 ainda de ressaca da bebedeira que tomou desde 2020, quando se iniciou a pandemia na China.
O mundo vivia crises sucessivas desde a pandemia. Mas a guerra mexeu na economia mundial de maneira inesperada. Revelou fragilidades no campo do petróleo, da energia, dos fertilizantes e do comércio internacional. Se mexeu na oferta e no bloqueio do comércio europeu de fertilizantes, mexeu também na oferta de alimentos.
Mas no Brasil os fatos caminham com vida própria. O radicalismo que se instalou com força na eleição Dilma x Aecio, em 2014, só cresceu e ganhou força nesses 4 últimos anos.
Chegou ao ponto intolerável da convivência dos cidadãos, mas esbarrou na absoluta inércia da política. Se há um peso morto no Brasil neste ambiente polarizado, são a política e os políticos. Os motivos são vários.
Um deles é o jogo de poder que dominou todos os partidos políticos e anulou a leitura correta do país pelos políticos eleitos. Em todos os partidos. Sem qualquer exceção. Há dois países que não falam: o da político e o dos políticos, e o pais de 207 milhões de habitantes.
No caso brasileiro a polarização entre dois políticos, Bolsonaro e Lula, construiu uma narrativa falsa de que o país se resume aos dois. Aproveitadores oportunistas, os políticos se associaram a outros oportunistas como o Poder Judiciário, Ministério Público e a mídia, anulando o sentido institucional de nação.
No lugar da nação restou-nos um emaranhado de interesses nada republicanos entre todos esses atores. Hoje, sem nenhuma dúvida, eles tomaram de assalto a nação e escravizaram o país aos seus interesses.
Outras nações resolveram isso por caminhos da violência, de revoluções civis, de guerra ou de rebelião. O Brasil está muito perto de um desses. O começo de rebelião se deu logo após a eleição com o aquartelamento de pessoas. Depois a invasão simbólica aos prédios dos três poderes. Isso merecerá dos historiadores uma leitura séria quando a poeira da revanche política lado a lado baixar. Há mais terrorismo nas narrativas do que na realidade.
Esse ambiente tóxico que domina o Brasil não poderá durar muito. A História ensina que o inconsciente coletivo sabe a hora de pôr freio nas insanidades dos insanos.
A mídia oportunista, somada com as corporações públicas que já não representam mais o anseio do inconsciente coletivo que trabalha, produz e arrecada impostos.
Nesse caminhar da carruagem o ano de 2023 não terminará sem que o leite derrame. O governo assumido não se assume dentro da pacificação nacional a que se propôs e deu-lhe a legitimidade de se eleger. Continua apregoando a guerra. Continua pintado nas cores vermelhas da guerra. De novo, a História ensina: quando os protagonistas não protagonizam, o protagonismo vem de fora com cara, energia e força contrárias ao meio dominante.
Ou se muda, ou e só esperar a onda que varrerá surfistas que se aventuram no mar sem o domínio das ondas. A linguagem que a nação espera é uma a pacificação! E, o desenvolvimento.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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