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Opinião

GONÇALO ANTUNES DE BARROS – Um gênio da literatura

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No dia 29 de setembro de 1547, nasceu em Alcalá de Henares, na Espanha, Miguel de Cervantes Saavedra, um dos mais célebres autores da literatura universal. Cervantes é amplamente reconhecido por sua obra-prima, Dom Quixote de la Mancha, um dos romances mais influentes de todos os tempos, que não só revolucionou o gênero da narrativa ficcional, como também ofereceu uma reflexão profunda sobre a natureza humana e a sociedade de sua época.

Contudo, a vida e a obra de Cervantes vão muito além de Dom Quixote. Sua trajetória é marcada por uma série de eventos dramáticos e por uma produção literária diversificada, que inclui poesia, teatro e prosa.

Miguel de Cervantes nasceu em uma família de baixa nobreza e enfrentou dificuldades financeiras desde cedo. Seu pai, Rodrigo de Cervantes, era um cirurgião-barbeiro que se mudou constantemente em busca de melhores condições de vida para a família. Essas constantes mudanças provavelmente contribuíram para a formação de uma visão crítica e ampla da sociedade, o que se reflete em seus escritos.

Esse gênio do pensamento universal, passou sua juventude em uma Espanha em transição. O século XVI era uma época de grandes mudanças políticas e culturais, marcadas pela expansão imperial, pelas guerras religiosas e pela Inquisição. Aos 22 anos, Cervantes mudou-se para a Itália, onde trabalhou como camareiro de um cardeal. Foi nesse período que ele entrou em contato com a rica cultura renascentista, que o influenciou profundamente.

Outro grande pensador, Zygmunt Bauman, embora separados por séculos, compartilham reflexões sobre a complexidade da condição humana, que podem ser conectadas pela ideia da “modernidade líquida”. Essa teoria, criada por Bauman, descreve a fluidez e a incerteza que caracterizam a vida contemporânea, onde as estruturas sólidas e estáveis da modernidade deram lugar a relações e instituições instáveis, mutáveis e efêmeras.

Bauman argumenta que a modernidade líquida é marcada pela busca incessante de identidade, uma vez que as antigas referências fixas – como a tradição, a religião e a comunidade – perderam seu poder. Da mesma forma, Cervantes, em Dom Quixote, explora a questão da identidade por meio de seu protagonista. Alonso Quijano, ao se transformar em Dom Quixote, tenta redefinir quem ele é, criando para si uma nova identidade baseada nos ideais ultrapassados da cavalaria medieval. Esse conflito entre o ser e o parecer, entre a realidade e o ideal, está no coração da modernidade líquida, onde as pessoas frequentemente se veem forçadas a redefinir quem são para se adaptar a um mundo instável e fragmentado.

Quixote é uma representação de um homem que tenta manter uma identidade sólida em um mundo que já não se enquadra mais nesses moldes. Sua luta para manter sua visão de mundo – por mais ilusória que seja – espelha a luta moderna para encontrar estabilidade em uma era de fluxos e incertezas.

Dom Quixote, ao tentar viver uma narrativa ultrapassada, é uma figura trágica e cômica que reflete a condição contemporânea descrita por Bauman: a busca por estabilidade e sentido em um mundo onde os antigos significados e estruturas estão desmoronando.

Na modernidade líquida, as conexões humanas tendem a ser utilitárias e efêmeras, algo que pode ser visto na complexa interação entre Quixote, Sancho e os personagens que encontram em suas aventuras. Cervantes subverte as convenções do romance de cavalaria, introduzindo uma autocrítica literária que marcou um novo caminho para a narrativa ficcional.

Ambos os autores fazem lembrar da fragilidade das convicções e da complexidade de viver em um mundo em constante mudança. Sua excelência, a realidade.

É por aí…

Gonçalo Antunes de Barros Neto, Saíto, tem formação em Filosofia, Sociologia e Direito

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