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Opinião

GABRIEL NOVIS NEVES – Tarefas a cumprir

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A verdade seja dita: tenho poucas tarefas a executar no correr do dia. A principal delas — não me ataca dúvida nenhuma — é fazer a crônica diária.

Faço fisioterapia domiciliar duas vezes no andar da semana. Os medicamentos, estes avançam pelos três períodos do dia.

Com o adiantado da vida, o sono me toma boa parte do dia — em média, dez horas.

A tanto se acresce a indispensável soneca, após o almoço.

Ainda não tinha reparado nisto: só hoje, ao escrever esta crônica, dei-me conta de que passo quase a metade do dia às voltas com o sono.

Atendo, de quando em vez, ao celular, mas recorro a ele tão só para ligações raras.

Permito-me o prazer de assistir a uma que outra partida de futebol pela TV. Músicas pelo youtube, taí algo que tem o dom de maravilhar minhas horas.

Quando um amigo, pelo celular, manifesta seu interesse de falar a sós comigo, entro em pânico. De pronto, a mosca da preocupação me atiça: quero saber o motivo, já que não pode ser dito ao telefone.

Só me tranquilizo quando ele confessa que se trata de simples bate-papo. Por não nos encontrarmos há bem tempo, solicita que marque uma data. No geral, o tempo se esvai, e o encontro fica definido para o ‘Dia de São Nunca’.

Quantos não há que buscam uma orientação tendente a conduzir melhor certos problemas administrativos.

Absorto no garimpar e no montar os textos, num de repente, quase a finalizá-los, percebo que a noite vem chegando de mansinho.

Tomo banho de chuveiro, dispensando o auxílio da cuidadora. Em seguida, troco a roupa do dia, já procurando me ‘empijamar’ — será que o termo merece guarida? — para dormir.

Recostado à cama, cuido de fazer o lanche, em substituição ao jantar. Para tanto, valho-me de pequena mesa de acrílico.

Antes que o sonho me venha nocautear, dou-me ao luxo de curtir um pouco de TV.

Se for mantido esse ritmo de vida, favorecido, em muito, pela árvore genealógica familiar que convida à longevidade, chego a idear planos para o centenário.

Grande preocupação minha, a despender bom tempo, se afina com ‘escarafunchar’ temas que me estimulem, condizentes com o intelecto dos que me seguem.

Não leio — muito menos escrevo — a propósito de guerras. A meu sentir, são temas ‘tóxicos’, daqueles que desestabilizam nossa saúde mental.

Não me afeiçoa a política, envolta em ‘decepções mil’, tema que tanto nos causa decepção e, por que não dizer, até envergonha.

A paixão pelo futebol anda um tanto empalidecida. Só haverá de robustecer se o Botafogo pintar como ‘Campeão Brasileiro’!

Que os deuses — mais de um é preciso — se consorciem para que esse sonho se realize! Como se vê, a tarefa não é impossível de ser alcançada!

Basta que deixemos o tempo passar às boas, afugentando todo tipo de ‘saracotear’ por aqui e por acolá.

O idoso, a despeito de se alimentar bem e de emprestar boas horas a seu descanso, fundamental é que se amarre a outros quefazeres.

Dada a minha dificuldade de locomoção, não me habilito ao saudável hábito da caminhada. Que benção tenha encontrado meu porto seguro no escrever!

Pelo menos até que o Senhor me venha a convocar para privar do privilégio sem igual da companhia Dele!

Mas, por enquanto, sinto-me muito confortável por estas bandas.

Gabriel Novis Neves é médico e ex-reitor da UFMT

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