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Opinião

ÉDER MORAES DIAS – Cartões de crédito no Brasil: a escopeta do Capitão!

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Os cartões de crédito no Brasil movimentaram cerca de R$ 1,55 trilhão, ou seja, para facilitar o entendimento de números superlativos: um trilhão e quinhentos e cinquenta bilhões de reais no ano de 2018, de acordo com a ABECS – Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços. Estes dados foram revelados no 13º Encontro do Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamentos (CMEP) com previsão de aumento desta cifra para algo próximo de R$ 1,8 trilhão de reais em 2019 (um trilhão e oitocentos bilhões de reais).

Dados levantados pela CNDL – Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, dão conta de que no Brasil existem 52 milhões de usuários de cartões com limite médio de R$ 1.401,00, só na modalidade crédito (2015). Hoje o ticket médio é bem maior, aproximadamente R$ 2.500,00, com uma fatura média por cartão de crédito da ordem de R$ 966,00 (fonte SPC-Brasil/2015) que informa também que o perfil do usuário revela que 44% aumentaram as compras, 20% reduziram gastos e 29% estabilizaram o consumo de bens duráveis e não duráveis. Do universo pesquisado, 56% usam seu cartão para compras em supermercados, 45% roupas e acessórios, 39% remédios, 34% combustíveis, 44% eletrodomésticos e também cerca de 44% em calçados. Assim distribuem-se os gastos com cartões em geral, inegavelmente um meio de pagamento inerente a economia brasileira.

Dos 52 milhões de usuários de cartões de crédito, 15 milhões acabam inscritos em serviços de proteção ao credito por inadimplência, que são geralmente renegociadas. Neste quantum global de usuários, 40% pagam a fatura mínima, que gira em torno de 10% da fatura total e onde incidem os escorchantes e indecentes juros da ordem de 10% ao mês, enquanto o custo do dinheiro no Brasil é de 6,5% ao ano (SELIC). É uma verdadeira carnificina debaixo das barbas do Congresso Nacional (Câmara e Senado), sem reação do chefe do poder executivo central, sem reação do Ministro da Economia… Neste quesito, a inércia é gêmea siamesa da conivência e da falta de ação.

Os cartões de crédito imputam aos seus usuários ou clientes a falsa sensação de poder de compra, atrelado à distribuição de renda, um perigoso coquetel “molotov” que explode quando chega a fatura. Neste momento, o incauto usuário percebe que sua renda não é suficiente para cobrir as despesas, passando a condição de escravo do sistema, tornando-se mantenedor da agiotagem instalada institucionalmente. Pelo menos 96% dos possuidores de cartão de crédito não sabem exatamente as taxas de juros cobradas e 34% não sabem o limite que possuem (CNDL), criando um ambiente para proliferação desta praga que corrói e desestrutura famílias e patrimônios.

A expectativa, segundo estudos, é de que 40% das aquisições de bens e serviços no Brasil já em 2019 serão contratadas por meio de cartões, estimulados ainda pelos bancos digitais que ofertam e dão acesso a esta modalidade de crédito com muita facilidade.

Então, chego ao ponto que queria: em 2108 os CARTÕES DE CRÉDITO movimentaram R$ 965 bilhões – Os CARTÕES DE DÉBITO movimentaram R$ 578 bilhões e a diferença para os R$ 1,55 trilhão de reais foi em outras modalidades digitais (celulares…). Se 40% dos usuários de cartão de crédito deixam 90% de suas faturas para o mês seguinte, ou seja, pagam apenas a fatura mínima, isso significa que fica um saldo devedor de 90% (dos 40%) em trânsito. Se usarmos os dados oficiais dos R$ 965 bilhões e arredondarmos os números estamos diante de R$ 360 bilhões que incidem na “carnificina tresloucada” de juros escorchantes em média 10% a.m., o que gerou algo próximo de R$ 36 bilhões só em juros no lombo do consumidor em 2018. Se fossem cobrados juros de empréstimos normais, esse valor ficaria próximo de R$ 5,4 bilhões, ou seja, R$ 30,6 bilhões de reais estão a serviço da agiotagem institucionalizada. Estão alimentando o caixa de instituições financeiras, quando deveriam estar injetados no mercado consumidor e retroalimentando a cadeia de impostos, consumo, serviços, emprego e renda, circulando riquezas no país.

Com a simples redução de juros a patamares civilizados, a economia do Brasil poderia ter um dos seus motores ligados ajudando a sair do chão essa aeronave combalida que está se tornando a economia doméstica brasileira. Os números podem sofrer alterações, e neste caso sempre para mais. Entretanto a lógica é imutável, até quando brasileiros aceitarão este “estupro” em seus BOLSOS? Portanto se faz necessária e com “urgência urgentíssima” a intervenção do Estado, neste caso bem vinda na economia. Não se pode aceitar passivamente tudo isso “CAPITÃO”. Pode-se até fazer “arminha”, mas não apontar uma escopeta no BOLSO dos brasileiros economicamente ativos. Este escárnio, cujos juros anuais variam de 330% a 470% é uma excrescência ou “jaboticaba”, que só é presente com estas proporções na economia brasileira, e precisa inexoravelmente ter um fim, para o bem de todos.

 

Eder de Moraes Dias

Ex- Secretario de Fazenda de Mato Grosso – Casa Civil  –  Ex Pres. Agecopa – Ex-Sec. da Copa do Mundo Fifa 2014 – Ex Relações Institucionais do Governo de MT em Brasília – Ex-Presidente MT Fomento – Ex- Sec. Fazenda de Várzea Grande – Educação e Governo ( VG ) – Bacharel em Direito – Agronegócios – Gestão Comercial – MBA Economia/Administração/Contabilidade – pós graduado em Governança Corporativa – Direito Constitucional – Filosofia e Direitos Humanos

 

 

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