Opinião
ALESSANDRA SATURNINO – O que o trabalho de cuidado da mulher e o meio ambiente teriam em comum?
Nos últimos dias, muito se falou acerca do tema da redação do ENEM desse ano, sobre a invisibilidade do trabalho de cuidado exercido por meninas e mulheres no mundo todo. Tal fato trouxe esse relevante assunto para o centro do debate.
Interessante que o trabalho de cuidado desempenhado pelas mulheres, muitas vezes de forma não remunerada e sem o devido reconhecimento, apresenta um paralelo intrigante com o tratamento dispensado à natureza.
Ambos compartilham a característica de serem em grande parte invisíveis e silenciosos. As mulheres frequentemente assumem a responsabilidade pelos cuidados com a família, idosos e doentes, bem como pelas tarefas domésticas diárias, e esse trabalho muitas vezes passa despercebido e não é valorizado.
Da mesma forma, a natureza realiza inúmeros serviços essenciais, como a polinização de culturas, a purificação da água e a regulação do clima, sem emitir uma fatura. É como se essas contribuições fossem consideradas automaticamente garantidas, sem a necessidade de reconhecimento.
Em entrevista ao Instituto Escolhas, o professor e jurista Carlos Frederico Marés de Souza Filho oferece perspicazes insights que complementam a discussão sobre o valor do trabalho não remunerado das mulheres e a analogia com o tratamento da natureza.
Ele destaca a visão do sistema que valoriza apenas o produto do trabalho, ou seja, o que se transforma em mercadoria. Isso ressalta por que o trabalho das mulheres muitas vezes não é devidamente valorizado, pois grande parte dele não se traduz em mercadorias diretamente mensuráveis.
Renomado professor, de quem tive a honra de ser aluna de pós-graduação e cujo tema também foi tratado em aula, destacava a complexidade de atribuir um valor monetário à natureza, exemplificando com a dificuldade de precificar produtos como petróleo ou água, sob a ótica do trabalho realizado pela natureza, cuja formação/execução levou bilhões de anos e envolveu múltiplas variáveis.
Quando se trata de sociedades humanas, a compensação pode ser possível, mas não necessariamente na forma de compensação monetária direta. As complexas questões relacionadas ao valor do trabalho das mulheres e à relação da sociedade com a natureza evidenciam a importância de considerar não apenas o aspecto monetário, mas também o impacto social e ambiental. Pode-se dizer que ambos os trabalhos, o das mulheres e o da natureza, estão interligados.
Reconhecer e valorizar tanto o trabalho de cuidado das mulheres quanto o trabalho silencioso da natureza é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Ambos merecem o devido reconhecimento e apoio, pois são pilares essenciais para o bem-estar humano e a preservação do nosso planeta.
Alessandra Saturnino é delegada da Polícia Civil de Mato Grosso
![](https://odocumento.com.br/wp-content/uploads/2023/05/LOGO_PEQUENA.png)
![](https://odocumento.com.br/wp-content/uploads/2021/04/WhatsApp-Video-2021-04-19-at-16.38.09-1.gif")
-
Esportes21/07/2024 - 21:29
Cuiabá perde para o Flu na Arena Pantanal e ‘ressuscita’ rival no Brasileirão; veja lances
-
Policial19/07/2024 - 10:30
Produtora rural, filha do deputado Gilberto Cattani é assassinada dentro de casa em Nova Mutum
-
Policial19/07/2024 - 13:30
Ex-marido da filha do deputado Gilberto Cattani é levado para delegacia para prestar depoimento
-
Internacional21/07/2024 - 21:02
Bill e Hillary Clinton apoiam candidatura de Kamala Harris
-
Policial24/07/2024 - 21:38
Polícia Civil esclarece homicídio de filha de deputado e prende ex-marido e irmão pelo crime
-
Política MT23/07/2024 - 11:35
Deputado admite apoiar Lúdio caso MDB não vá ao 2º turno e elogia Abílio: tem mais projeto que Botelho
-
Política MT23/07/2024 - 13:30
Mauro Mendes reage e afirma que Riva não manda mais em MT: “Foi o tempo das trevas e dos escândalos”
-
Política MT23/07/2024 - 12:50
Prefeito enviará à Câmara projeto para que comerciantes possam atuar no Complexo Dom Aquino