O vereador Arquimedes Dias Pedrozo (PSB), de 46 anos, e o irmão dele, Agostinho Dias Pedrozo, são investigados pela Polícia Civil por promoverem passeios irregulares no Parque Estadual da Gruta da Lagoa Azul, em Nobres, a 151 km de Cuiabá, que está interditado há 23 anos devido à degradação da área. O caso também foi encaminhado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), responsável pela administração da área.
Conforme a denúncia a qual o g1 teve acesso, o objetivo dos passeios é promover a pousada do parlamentar, localizada nas proximidades do parque protegido por lei.
O g1 entrou em contato com o vereador Arquimedes, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Já Agostinho Pedrozo explicou que não é proprietário da pousada investigada, mas confessou que administrava um rancho localizado no entorno do Parque Estadual. A denúncia cita que o rancho dele é usado como restaurante para receber turistas interessados em visitar a Cachoeira dos Namorados e que ele oferecia pacotes, com refeição inclusa. Agostinho alega não saber da proibição na cachoeira e que nunca cobrou para que os turistas usassem a trilha.
"A trilha até a Cachoeira dos Namorados foi descoberta por mim e pelo meu pai há cerca de 40 anos, antes da chegada do turismo na Vila Bom Jardim, distrito de Nobres. Frequentávamos lá antes do turismo chegar, depois disso nunca mais [...] tem três caminhos para chegar lá, mas ninguém está indo mais", disse.
A investigação contra o vereador e o irmão teve início há cerca de um mês, quando Arquimedes foi encaminhado pela Polícia Militar à delegacia após ser flagrado dentro de uma cachoeira no parque, com um grupo de 24 turistas. Os visitantes afirmaram que pagaram a um guia R$ 480, por pessoa, para fazer o passeio. Esse é o mesmo valor cobrado nas diárias na pousada de Arquimedes, que também incluem o passeio.
Na ocasião, o irmão Agostinho não estava entre os detidos, mas um dos turistas afirmou à polícia que o guia responsável pelo grupo disse ter obtido autorização dele para usar a trilha que dá acesso à cachoeira. A suposta permissão, conforme a denúncia, teria sido dada mesmo com a ciência de que se tratava de área protegida e de acesso proibido.
Além da promoção de passeios proibidos, as denúncias contra o vereador e o irmão apontam:
- 🛤️Abertura irregular de trilhas que ligam a pousada dele até cachoeiras;
- 🏞️Construção de uma represa conhecida como "Banho da Princesa", dentro do parque;
- 📸Fotografar e usar indevidamente imagens da Cachoeira dos Namorados para divulgar pacotes turísticos.
A pousada está localizada fora dos limites do Parque Estadual, mas faz divisa direta com a unidade de conservação.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) informou que a Gerência da Unidade de Conservação recebeu um relatório sobre as denúncias citadas e que está adotando as providências. Ainda segundo a secretaria, o caso também foi encaminhado à Polícia Civil, que agora mantém o caso em sigilo.
Uma das denúncias registradas pela Polícia Militar revela que tanto Arquimedes quanto o irmão Agostinho são apontados como corresponsáveis por danos ambientais registrados na área, incluindo o acúmulo de lixo nas águas e margens da cachoeira e pela instalação de churrasqueiras entre as pedras, consequências da visitação descontrolada ao local.
Agostinho também foi denunciado por praticar uma série de irregularidades dentro do Parque Estadual, como desmatamento, extração ilegal de madeira, construção de ponte, barraco e trilhas clandestinas, como forma de potencializar o comércio de passeios até a Cachoeira dos Namorados.
Ao longo das trilhas clandestinas, é possível encontrar diversas placas sinalizando o caminho até a cachoeira. Em algumas delas, está o contato da pousada do vereador.
Fonte: G1-MT