RODRIGO RODRIGUES

O poder silencioso do bem em meio ao caos

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O poder silencioso do bem em meio ao caos

Num mundo onde as manchetes diárias estampam guerras, tragédias, crises políticas e econômicas, pode parecer que o mal tem vencido a batalha. A sensação de impotência cresce diante de imagens de violência, catástrofes naturais e injustiças sociais.

Porém, a história humana mostra que o bem, mesmo sem alarde, nunca deixou de agir — e nos últimos tempos, ele vem se tornando cada vez mais visível, transformando vidas, comunidades e até nações.

O bem não faz barulho de bombas, não ocupa capas de jornais com escândalos, mas constrói silenciosamente raízes profundas que, aos poucos, mostram sua força. Um exemplo recente no Brasil é o de frei Gilson, sacerdote católico que se tornou um verdadeiro fenômeno espiritual.

Em uma era de distrações digitais e hiperconexão, ele tem conseguido reunir mais de um milhão e meio de pessoas em oração às quatro da manhã, diariamente, através das redes sociais. Um feito que rompe qualquer lógica humana: multidões de jovens, adultos e idosos acordando antes do amanhecer para buscar a Deus.

Esse mesmo frei já levou mais de 80 mil pessoas a um estádio, não para um show de música secular, mas para momentos de louvor, oração e encontro com a fé. Esse é um sinal poderoso de que, por mais que o mal se espalhe e tente dominar, há uma sede crescente pelo bem, pela verdade e pela espiritualidade.

O bem que contagia

Ao contrário do mal, que se impõe pelo medo e pela violência, o bem se propaga pelo exemplo. É como uma chama que acende outra chama sem nunca se apagar. Quando alguém escolhe perdoar em vez de odiar, quando uma comunidade se mobiliza para ajudar os mais pobres, quando líderes espirituais inspiram multidões a buscar a oração e a fé, o bem se fortalece e multiplica.

A própria ciência confirma que gestos de bondade têm efeito multiplicador: um ato altruísta observado por alguém aumenta em até três vezes a chance de essa pessoa também praticar o bem. O amor, a compaixão e a solidariedade são sementes que frutificam.

O exemplo de Paulo

Na tradição cristã, o apóstolo Paulo já alertava que a vida é um campo de batalha, mas que o verdadeiro combate não é contra carne ou sangue, e sim contra forças espirituais. Em sua carta a Timóteo, deixou registrado um dos mais belos testemunhos de perseverança:

“Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.”

Essa frase atravessou séculos e ainda ecoa hoje como lembrete de que o verdadeiro vencedor não é quem acumula riquezas, fama ou poder, mas aquele que consegue permanecer firme no bem, na esperança e na fé, mesmo quando tudo parece desmoronar.

O jogo está virando

O mundo está cansado da escuridão. As multidões que lotam estádios em busca de espiritualidade, os jovens que trocam a madrugada de festas por vigílias de oração, os movimentos de solidariedade que crescem em meio a crises — tudo isso mostra que o jogo está virando. O mal ainda grita, mas o bem já aprendeu a cantar mais alto nos corações.

Talvez não vejamos todos os dias na televisão, mas a cada vez que alguém escolhe levantar cedo para rezar, perdoar um inimigo, ajudar um necessitado ou simplesmente acreditar que é possível viver com mais amor, o bem ganha mais espaço no mundo.

E se o mal se sustenta pela mentira e pelo ódio, o bem se alimenta da verdade e da fé. Ele pode parecer frágil, mas é justamente nessa humildade e perseverança que reside sua força.

No fim, como Paulo testemunhou, o que realmente importa é guardar a fé e não desistir de lutar o bom combate. Porque, apesar de todas as guerras e tragédias, o bem já começou a vencer — e essa vitória é irreversível.

Rodrigo Rodrigues é jornalista, empresário e graduado em gestão pública