A ideia de estabelecer um porta-voz dentro do Supremo Tribunal Federal (STF), na esperança de que isso passasse despercebido, parece, finalmente, estar causando grande desconforto à esquerda. As poucas vozes discordantes no tribunal foram insuficientes para evitar excessos, incapazes de promover o bom senso ou o respeito às regras republicanas e à própria Constituição.
Qualquer pessoa, mesmo sem ser da área jurídica, pode perceber o que está em jogo. Com as intervenções indevidas, o futuro do país se torna incerto, à medida que tudo passa a ser interpretativo e impositivo. Isso está longe da harmonia entre os poderes e as instituições.
O tratamento segregacionista dado por parte da imprensa tradicional é desrespeitoso. Essa mídia, que se autodenomina porta-voz da verdade, trata aqueles que discordam do status quo como “extremistas de direita”. O que é ainda mais preocupante é ver a OAB, parte do próprio Poder Judiciário, a Câmara e o Senado agindo em conjunto nesse cenário. A atuação do Poder Executivo nesta “tragédia grega moderna” é evidente e dispensa comentários.
Há cerca de três décadas, desde a Constituição de 1988, o avanço deliberado do neoliberalismo/socialismo, independentemente de quem o promova, vem nos conduzindo a um caos constitucional, social, político e econômico.
A questão é: quem são os verdadeiros extremistas?. Aqueles que defendem o cumprimento da Constituição de 1988 — a Constituição Cidadã —, ou aqueles que propõem uma ruptura brusca com o Estado democrático de direito?.
A mídia tradicional perdeu a oportunidade de se adaptar ao mundo digital, onde as notícias são imediatas, diretas e menos manipuladas. É irônico ver jornais que se consideram tradicionais usando “fake news” para se referir a notícias falsas, um estrangeirismo que eles próprios difundem. Essa imprensa seletiva e enviesada busca esconder a verdade para promover narrativas de interesse próprio.
Esse é o dilema da “extrema esquerda”, um termo usado para equiparar aqueles que levam suas convicções ao extremo, independentemente do lado. A pergunta que fica é: o que está acontecendo é um erro ou um acerto?.
Seria isso resultado das ações políticas de um presidente que busca romper com normas estabelecidas, ou do desafio de um ex-presidente com sua opinião e direitos políticos cassados?. Este homem — já formalmente punido e sem chance de recurso — ainda é considerado mais poderoso que seu sucessor? Seria este um sinal de que estamos em um beco sem saída?.
Marcelo Augusto Portocarrero é engenheiro civil