RENATO DE PAIVA PEREIRA

Trump – o Pavão Presunçoso

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Trump – o Pavão Presunçoso

Estatisticamente, como mostram diversas pesquisas de opinião, de forma grosseira dá para sugerir que a sociedade brasileira está dividida em três grupos: uma parte apoia o PT e vota no seu demiurgo, o Lula.  Outros tantos se identificam com a direita e elegeriam o Mito. Mas a maioria, conforme a Genial/Quaest, tem medo do Bolsonaro voltar e também do Lula continuar. Assim quando voltam em um dos dois é pra se livrar do outro.

As recentes ameaças do Trump de ferrar (desculpem o termo chulo) os brasileiros têm o poder de prejudicar os que querem se livrar do Bolsonaro ou do Lula, porque, dependendo do uso que fizerem dela (da ameaça), um ou outro grupo pode levar vantagem. Se o Bolsonaro e seus adeptos conseguirem convencer os eleitores de que o Lula é o responsável pelas taxas impostas pelo americano, fortalecerá a candidatura de seu filho.

Argumentos não lhes faltarão: o Lula cutucou a onça com vara curta ao pregar uma nova moeda na ordem mundial para substituir o hegemônico dólar, desancou o Pavão americano e apoiou medidas para limitar o poder das big techs.  

Também poderão criar o enredo atribuindo ao Presidente a perseguição que o Bolsonaro estaria sofrendo aqui no País, embora esta narrativa careça de fundamento porque o poder executivo, na democracia, nada tem a ver com as ações do judiciário.

Do lado oposto, os governistas poderão divulgar a versão de que o Trump vai taxar o Brasil, atrapalhando milhões de brasileiros porque o filho do Bolsonaro se dedicou a essa missão, não se importando com o prejuízo coletivo, desde que conseguisse algum benefício para o pai.

Mas por que os que não gostam do Lula e do Bolsonaro estariam prejudicados?

Simples, se o discurso dos bolsonaristas vingar estará consolidada a posição do filho 03 que conseguiu a atenção do Trump. Então poderá ser visto como um herói que foi para os Estados Unidos e conseguiu realizar a missão que se propôs. Nesse caso seria o candidato perfeito da direita.

Prevalecendo a leitura da esquerda, Eduardo Bolsonaro pode ser considerado um traidor que trabalha contra o povo brasileiro. Também pode triunfar o discurso que o Lula cutucou a onça porque não tem medo dela e transformar essa “valentia” em voto.

Não sei ainda como vai terminar essa história de taxação das exportações, se vai prosperar ou se o Trump desistirá.

Durante a evolução das espécies —conforme Darwin— a natureza tem favorecido alguns truques intimidatórios usados pelos animais: os cachorros arreganham os dentes exibindo as armas que têm; os gatos eriçam o pelo para parecerem maiores; gorilas batem no peito e urram para mostrar força.

O Trump pode estar se valendo desse viés evolutivo. Em muitas outras ocasiões neste mandato exagerou seu poder para amedrontar os concorrentes.

Com evidente arrogância e incomum vaidade, ele tem uma semelhança incrível com os pavões. Estes quando querem impressionar ou intimidar os adversários formam um grande leque com a vistosa cauda. Às vezes conseguem o objetivo, outras, desistem da exibição e disfarçadamente recuam.

Mas é bom não desmerecer a sua força; ele às vezes bica “bem duro”.    

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor