Quando uma loja ou um comércio trocam de donos é muito comum encontrar na frente do estabelecimento aquela placa indicativa escrito “sob nova direção”. A proposta é levar ao máximo de pessoas da comunidade que algo irá mudar, seja nos preços, nos produtos ou na maneira de se relacionar com os clientes.
Já no caso de grandes empresas e corporações, o anúncio vem com pompa e circunstâncias através de comunicados ao mercado investidor, páginas inteiras em jornais de grande circulação ou até mesmo no 1º intervalo inteiro do jornal nacional, mas a mensagem é a mesma, a de se mostrar que alguma coisa mudou. Agora e quando o que se muda é a pessoa no cargo mais importante do planeta, quando se muda o presidente do todo poderoso Estados Unidos da América?
Pois bem, isso aconteceu recentemente, e o anúncio veio direto do salão oval da Casa Branca com a presença de autoridades políticas, militares, eclesiásticas, milionários do ramo de tecnologia, além de todos os ex-presidentes americanos dos últimos 32 anos, Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama e o que estava de saída, o presidente Joe Biden, que aliás ouviu sentado e visivelmente constrangido ao discurso de 30 minutos do novo presidente.
Com um tom forte e uma imagem igualmente forte, o presidente Trump disse, de maneira clara, que os Estados Unidos da América estão sob nova direção. Reafirmou tudo o que vinha dizendo em sua campanha eleitoral como total atenção aos imigrantes ilegais, ao fim da política de gêneros, em retomar o posto de nação líder mundial, do aumento do uso de combustíveis fósseis, da saída da Organização Mundial da Saúde e do abandono ao acordo de Paris.
A cada anúncio do novo gestor aplausos efusivos interrompiam o governante, e o que se via era uma verdadeira catarse republicana. Porém, sempre tem um porém. Nos últimos anos o mundo se dedicou a combater, ou pelo se esforçou para combater o aquecimento global, compromissos foram assumidos e novas matrizes energéticas incentivadas. A era da descarbonização caminhava, mesmo que a passos lentos para se consolidar.
A Europa foi a 1ª a se manifestar. Líderes importantes como os da França e Alemanha fizeram questão de reafirmar que a Europa segue comprometida com a pauta ambiental. Para a Rússia, o presidente Trump foi direto ao bradar: “parem com essa bobagem!” E a China, como vai se portar ao ver em risco sua supremacia na produção de produtos manufaturados?
O fato é que a pauta do governo Donald Trump irá, ou melhor, já tirou boa parte do planeta de sua zona de conforto. E o Brasil, como fica? Perguntado por uma jornalista brasileira sobre como será a relação entre Estados Unidos e Brasil a resposta veio a galope, “não precisamos deles!”
Nos resta aguardar, afinal o futuro a Deus pertence não é mesmo?
Mas como em toda mudança surgem oportunidades, e aqui temos uma clara oportunidade para o Brasil, a de se consolidar como líder mundial na pauta ambiental.
Temos a oportunidade de mostrar que é possível mover o mundo com energias renováveis como o etanol e o biodiesel. Que é possível produzir mais, com qualidade e segurança alimentar sem desmatar um palmo a mais de terra.
A vaga de líder mundial para os temas ligados à sustentabilidade está aberta, quem irá ocupá-la?.
Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria