O dia 15 de outubro tem para mim um simbolismo especial, por se tratar de uma data que remete à minha infância e adolescência no período da minha formação estudantil.
Sou com muito orgulho filho de pai comerciante e, mãe professora normalista; profissional formada em um curso de magistério, voltado para a formação de professores da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental.
Como, trabalhei bastante com o meu pai no comércio (leia-se bar), pela lógica eu deveria ter seguido os passos do meu pai (in memoriam), por quem tenho muito orgulho.
Porém, pelo fato da minha mãe (in memoriam) ter sido educadora, acabei seguindo os seus passos; mesmo não sendo um aluno exemplar, muito pelo contrário, eu era bastante limitado na questão cognitiva.
A minha mãe, era visionária e voltada à educação, em função disso ela sempre procurou dar a nos filhos, uma educação condizente e de qualidade, mesmo com parcos recursos financeiros.
Eu, particularmente tive a minha iniciação educacional em uma escola pública e tenho orgulho disso, eu estudei no antigo, Colégio Senador Azeredo, bairro do porto, onde nasci.
Nessa escola, havia disciplina, respeito, principalmente com os professores, em função da nossa Diretora da época ser a senhora Auribelina, pensa em uma pessoa de fisionomia séria, bastava olhar para nós, que já entendíamos e obedecíamos.
Sai do colégio Senador Azeredo, minha mãe, me matriculou na antiga Escola Técnica Federal de Mato Grosso, que funcionou com essa denominação de 1968 a 2002, na época era uma das escolas mais puxadas, na questão cognitiva.
Logicamente enfrentei sérias dificuldades, pois eu não gostava de estudar, eu estava ali, mais pela minha mãe que acreditava em meu potencial, e queria me ver formado.
Como ela mesmo falava, mesmo que seja em um curso profissionalizante, não importa qual.
Fui passando arranhando, e nessa época havia curso de Francês, que era ministrado pela Professora Dunga Rodrigues.
Ao longo, de uma trajetória de vida como pianista, jornalista, cronista social, professora, escritora e memorialista.
Como eu disse anteriormente a minha base escolar não era das melhores, ao deparar com a disciplina Francês, aí, a coisa complicou, pois eu mal sabia o português aí danou-se.
Naquela época, as notas na Escola Técnica, não eram numéricas e sim conceitos, que variavam de ótimo como a melhor nota e a pior nota insuficientíssimo.
Assim que terminávamos as provas, na aula seguinte, a professora Dunga Rodrigues se senta e dava início à entrega dos conceitos; só que ela fazia questão de dizer em voz alta, para que toda a sala ouvisse.
Para mim era como se estivesse assistindo a um filme de Alfred Hitchcock, tamanho, era o suspense e tensão, para o recebimento do meu conceito.
Em voz alta, ela dizia fulano, bom, cicrano ótimo, outro regular e quando chegava em mim já dava verdadeiro calafrio, pois eu já sabia a minha nota, aí ele falava mais alto ainda, Licio Antonio Malheiros insuficientíssimo; era só risada na sala até eu achava graça, porém bem “amarelo”.
Sem querer, a própria professora Dunga Rodrigues, deu um start na minha vida, foi justamente no dia 15 de outubro, quando a escola realizava uma grande festa alusiva ao dia dos professores.
Entre 50 alunos, ela me chama à sua mesa e diz, você vai declamar esse poema no dia dos professores, fiquei pálido sem palavras, tremendo mais que vara verde, pensei se sei mal falar o Português como falar em Francês, quando abri o texto vi que era em português me tranquilizei.
Mesmo assim fui à luta, porém ela queria além da declamação do poema que fossem feitos gestuais relativo ao poema, intitulado “Nossa Escola”.
Já se passaram aproximadamente 45 anos, e até hoje, me lembro desse poema que dizia assim “Minha Escola é um jardim, as classes são os canteiros, as crianças lembram flores, e os mestres os jardineiros; antes de entramos para a escola éramos simples botões, porém, o saber transformou-nos em risonhas florações; do céu a planta recebe luz, sol, chuva e calor, neste jardim recebemos lições e concelhos de amor”.
Fui aplaudido em pé, isso, acabou me dando maior motivação para estudar.
Parabéns a todos os professores, por esta data tão importante, e que a mesma, tenha: reconhecimento, respeito e gratidão a todos aqueles que dedicam suas vidas à nobre missão de ensinar, inspirar e transformar.
Licio Antonio Malheiros é jornalista e geógrafo