Nas últimas semanas, o Brasil foi surpreendido pela revelação de um dos maiores escândalos já registrados na Previdência Social. Estima-se que mais de 6,3 bilhões de reais tenham sido desviados dos cofres do INSS por meio de um esquema criminoso que operou ao longo de três anos, atingindo diretamente a vida de milhões de aposentados, pensionistas e beneficiários da seguridade social.
Passados mais de 45 dias desde a denúncia, o Governo Federal e as instituições competentes ainda não sabem quem são os responsáveis, qual a real extensão do prejuízo e, principalmente, onde está o dinheiro.
Diante da gravidade dos fatos e da omissão inaceitável das autoridades, protocolei, como autora, o pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar com rigor esse escândalo. A sociedade precisa e tem o direito de saber quem se beneficiou desse esquema que violou a confiança de milhões de brasileiros. O silêncio e a lentidão do governo apenas aumentam a indignação da população e alimentam a impunidade.
O que se sabe até agora é estarrecedor: apenas cerca de 200 milhões de reais foram recuperados, o que representa menos de 3% do total desviado. O número de pessoas lesadas pode ultrapassar a marca de 4 milhões de vítimas, mas ainda não há clareza nem mesmo sobre essa dimensão. Não se conhece a identidade completa dos envolvidos, nem servidores, nem eventuais agentes públicos ou empresas que possam ter participado dessa engrenagem de fraudes sistemáticas.
E o mais alarmante: não há previsão de ressarcimento, nem plano de reparação para os atingidos. Ou seja, além de sofrerem com a burocracia e as dificuldades típicas do sistema previdenciário, milhares de cidadãos ainda estão tendo que lidar com as consequências de um crime para o qual o Estado ainda não deu nenhuma resposta efetiva.
É urgente que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal cumpram seu papel constitucional de fiscalização e controle. A instalação da CPMI é fundamental não apenas para apurar responsabilidades, mas também para apontar falhas estruturais no sistema, propor soluções e blindar o INSS contra novas tentativas de fraudes. Não podemos permitir que esse escândalo seja tratado com a frieza da burocracia e a lentidão da política tradicional.
A população brasileira, especialmente os mais idosos, contribuiu por décadas com sacrifício e confiança no sistema previdenciário. São homens e mulheres que trabalharam honestamente e que hoje, ao final de suas vidas produtivas, enfrentam o descaso de um Estado omisso diante de um roubo bilionário. Não há crime mais cruel do que aquele que atinge os mais vulneráveis.
Como parlamentar eleita para defender a verdade, a justiça e o cidadão de bem, reitero meu compromisso com essa causa. Seguiremos cobrando celeridade nas investigações, respeito às vítimas e a imediata instalação da CPMI que propusemos. O Brasil não pode mais tolerar a impunidade institucionalizada. É hora de agir, com coragem, transparência e responsabilidade.
Porque onde há rombo, deve haver responsabilização. Onde há injustiça, deve haver reação. E onde há crime, deve haver punição exemplar.
Coronel Fernanda é deputada federal por Mato Grosso