Episódios de racismo que acontecerem antes da concepção também podem afetar as crianças
Grandes episódios de estresse na vida de mulheres grávidas podem gerar um impacto negativo no desenvolvimento das crianças, apontam estudos. Entre os diversos tipos de estresse está o racismo , e os efeitos causados por ele podem variar entre uma má-formação cognitiva e a mortalidade infantil.
Segundo David Williams , professor do departamento de Saúde Pública da Universidade de Harvard, “raça importa em todos os níveis de educação”, e isso inclui o período anterior ao nascimento, uma vez que estudos comprovam que as crianças já começam a aprender desde o útero.
Williams relatou ao iG que há alguns estudos recentes que ligam até mesmo o estresse sofrido pela mulher antes da concepção a um impacto negativo no desenvolvimento da criança. Segundo ele, episódios de estresse, como o racismo, que ocorrem de um ano a seis meses antes da concepção, podem resultar em um aumento de até 50% na mortalidade infantil.
O professor explica que isso se dá porque eventos traumáticos alteram o funcionamento fisiológico da mulher. Após passar pela experiência, ela passa a ter mais emoções negativas o que, por sua vez, pode levar a ansiedade, depressão e mudanças de hábitos, por exemplo.
Isso tudo tem o potencial de prejudicar o desenvolvimento da criança não apenas durante a gestação, mas ao longo de toda sua vida. Mais ainda, os efeitos negativos provocados pelo racismo na infância podem até mesmo passar para as próximas gerações.
arrow-options Flávio Moret
O professor David Williams aplica a lente da raça nos estudos sobre desigualdade na primeira infância
Racismo na primeira infância
Além do estresse experimentado pelas mães, o racismo também tem sérios impactos no desenvolvimento quando as próprias crianças o sofrem. Estresses enfrentados nos primeiros seis anos de vida têm consequências maiores do que aqueles enfrentados na vida adulta.
No Brasil e nos Estados Unidos, a desigualdade racial é um fator crucial no desenvolvimento das crianças. Um exemplo disso são as taxas de mortalidade infantil, que apesar de estarem caindo ao redor do mundo, são duas vezes mais altas entre crianças negras.
David Williams enxerga que a saída para o problema da desigualdade na primeira infância deve se dar principalmente pela implementação de programas sociais capazes de atuar desde muito cedo. Ele ressalta, porém, que é preciso olhar além das crianças. Investir em um ambiente mais favorável e na capacitação dos pais é essencial, segundo o professor, para que reduza a desigualdade e promova um pleno desenvolvimento humano.
Perguntado se estes esforços não seriam limitados enquanto o racismo persistir, Williams diz que acredita que o pior tipo de racismo não é o interpessoal, e sim o estrutural. Ele explica que por isso é importante reconhecer que há um problema e começar a tomar medidas para mudá-lo. “A chave é começar na direção certa”, defende.
David Williams está no Brasil para participar do VIII Simpósio Internacional de Desenvolvimento na Primeira Infância: Os primeiros passos para um Brasil mais justo, organizado pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI).
Bruno Covas já passou por três sessões de quimioterapia
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, voltou a ser internado nesta segunda-feira (9). Ele vai realizar exames e passará por uma avaliação médica para definir os próximos passos do tratamento contra o câncer.
Bruno Covas não se afastou da prefeitura de São Paulo e continuou despachando do Hospital Sírio-Libanês enquanto esteve internado, assim como fará nesta segunda. Ele, porém, tem algumas restrições, como a aglomerações e sua agenda foi adaptada.
Mais informações sobre o estado de saúde do prefeito serão divulgadas ainda nesta segunda-feira.
Ele foi diagnosticado em outubro. Ele tem câncer na cárdia, a região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado. Bruno Covas já passou por duas internações – a primeira de 23 dias e a segunda de 30 horas – e fez três sessões de quimioterapia .
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que a advogada é presa e autuada por injúria racial
Uma nota assinada pelos irmãos da advogada Natália Burza, de 36 anos, que foi presa por injúria racial contra um taxista em Belo Horizonte, pediu desculpas e compaixão pelo ocorrido na quinta-feira (5).
No relato, os parentes de Natália afirmam que ela sofre de transtornospsíquicos e contam que a situação “doeu em todos”. Eles dizem, ainda, que Natália já tentou suicídio e já agrediu de forma física e moral muitos familiares. “Independentemente da cor, orientação sexual, crença e etc”.
A doença de Natália, segundo os parentes, altera o comportamento dela, produzindo uma neurose e “mania de perseguição”. Ao fim da nota, os familiares pediram compaixão, abrindo espaço para refletir sobre transtornos psíquicos e também sobre racismo.
Natália foi presa após o ato de racismo, mas liberada da cadeia após pagar R$ 10 mil em fiança. O processo corre em segredo de justiça.
Sentimos muito pelo que aconteceu com o Sr. Luís Carlos Alves Fernandes e com todos os envolvidos. Pedimos sinceras desculpas àqueles que sofrem preconceito diariamente em nosso país. Podem ter certeza, doeu em todos nós.
Racismo é uma realidade brutal e inaceitável.
Mas quero informar algo que ainda não foi publicado. A Natália é uma pessoa com transtornos psíquicos. Atestada há anos por profissionais da saúde. Sabemos que alegar doença mental no nosso país é algo que foi banalizado. Não é esse o caso.
Nossa irmã já tentou suicídio por diversas vezes, já agrediu de forma física e moral muitas pessoas, inclusive sua própria família que é quem a protege e a ama (independentemente da cor, orientação sexual, crença etc). Já foi internada, já recebeu eletroconvulsoterapia. Nas últimas semanas, tentávamos uma vaga em um hospital psiquiátrico, mas infelizmente, não conseguimos. Essa também é outra realidade inaceitável.
Para quem não conhece a doença, ela altera o comportamento e produz uma neurose e mania de perseguição, além de causar um comportamento agressivo e imprevisível. Só quem tem alguém próximo com essa doença pode entender a dor que passamos há anos e estamos passando agora. Pedimos compaixão.
Precisamos falar sobre racismo. Também precisamos falar sobre transtornos psíquicos que atingem de forma universal milhões de pessoas.
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