Durante muito tempo, o local de trabalho foi visto apenas como um espaço funcional: destinado apenas para o operacional, sem vida, sem identidade e, iria até mais longe, sem alma. Hoje, percebo que essa lógica mudou e mudou profundamente.
O ambiente de trabalho se tornou um elemento estratégico da cultura organizacional e não é apenas o cenário onde o trabalho acontece, mas sim um agente ativo na forma como as equipes se relacionam, aprendem e criam juntas. Nesse novo contexto, o design do espaço corporativo é, antes de tudo, um meio de comunicar propósito. Sabe quando você entra em algum lugar e percebe, logo de cara, o que ele quer passar?.
Em um mundo em que o trabalho híbrido se consolidou, o escritório físico ganhou uma nova função: ser o ponto de encontro, o tal do “hub cultural” das empresas. É nele que a cultura se materializa: nas cores, na iluminação, no layout, nas sensações. O ambiente passa a desempenhar um papel essencial: reforçar laços, traduzir valores e inspirar pertencimento.
Mais do que conforto, o espaço precisa gerar identidade. O design, então, surge como tradução da cultura de uma empresa. Projetar um escritório é, no fundo, um exercício de escuta. É entender o ritmo e o estilo de cada organização, o modo como as pessoas se movem, interagem e constroem juntas.
Cada empresa tem uma dinâmica própria e o ambiente físico deve refletir isso. Um escritório colaborativo, por exemplo, comunica horizontalidade e troca constante. Já espaços que equilibram áreas abertas e zonas de concentração revelam um olhar atento à produtividade e ao bem-estar.
Cada escolha, seja o formato das mesas, a textura e os desenhos das cadeiras, os quadros pendurados na parede, carrega uma mensagem sobre o tipo de cultura que se quer fortalecer. É por isso que para mim e para minha empresa, a Neomóbile, o design corporativo é também uma forma de gestão de cultura.
Um projeto bem resolvido não apenas organiza o espaço: ele cria experiências significativas. Ele permite que as pessoas se sintam parte de algo, que percebam no ambiente físico a coerência entre o discurso e a prática da empresa.
Diversas pesquisas já comprovaram que o espaço influencia diretamente a produtividade, a criatividade e o engajamento, inclusive já falei sobre este tema em outro artigo. Ou seja, um escritório bem planejado pode ajudar a reduzir o estresse, melhorar a comunicação e estimular o senso de pertencimento, três pilares fundamentais para a inovação.
Isso talvez você impensável anos atrás, mas hoje vejo como uma necessidade: quando o ambiente é acolhedor e estimulante, o trabalho flui de maneira natural, e os resultados aparecem com mais consistência. É por isso que, cada vez mais, o trabalho é uma extensão da nossa essência e, claro, da essência de nossas empresas.
Márcia Oliveira é empresária e diretora da Neomóbile