“Doutora, eu não sou mais a mesma”. Ao longo dos anos ouvindo minhas pacientes, notei que frases desse tipo se repetem com certa frequência. O que parece apenas uma fala simples, solta entre tantas outras, é na verdade um desabafo carregado de emoções. Um desabafo que expressa as dificuldades em ter que lidar com mudanças físicas e emocionais que chegam junto com o período da transição hormonal e da menopausa.
Os relatos de alterações são diversos: “Não produzo mais como antes”, “Não consigo me concentrar”, “Minha qualidade no sono não é mais a mesma”, “Tenho instabilidade emocional com mais frequência”, sem falar nas famosas ondas de calor. Além das queixas, percebo que elas têm em comum a busca não apenas pelo alívio dos sintomas, mas sim pelo resgate da versão mais plena de si mesmas.
Pensando sobre isso durante a montagem do meu planejamento de atendimentos para o ano, cheguei à conclusão que, com a chegada de 2025, surge também a oportunidade de refletir como estamos cuidando de nós mesmas. Talvez seja o momento de enxergar as mudanças, mesmo essas que chegam sem qualquer desejo nosso, como um chamado ao recomeço, à transformação.
É o momento de se colocar como protagonista da própria história e fazer escolhas que tragam mais qualidade de vida. Amenizar os sintomas das mudanças fisiológicas pode ser a abertura de uma porta para a adoção de uma postura mais ativa em relação ao autocuidado. Isso inclui buscar apoio médico, entender as necessidades do corpo e da mente, e priorizar a saúde como parte essencial da rotina.
A saúde feminina vai além de exames ou consultas de rotina. É sobre olhar para si com carinho, entender os sinais que o corpo nos dá e procurar o equilíbrio em todas as áreas da vida. Por exemplo, as ondas de calor e a sudorese noturna, sintomas tão comuns no climatério, podem ser aliviadas com mudanças no estilo de vida, alimentação adequada, hidratação e, quando necessário, tratamentos especializados.
2025 é o ano para quebrar os padrões e abraçar o que fortalece. O ano de aceitar que a vida é feita de ciclos e que a chegada dos 40+ e suas mudanças está nesse pacote. Você pode até não ser mais a mesma. Mas, ainda assim, é possível fazer com que essa sua nova versão seja muito melhor do que o imaginado. Só não espere que isso aconteça por acaso. Escolha cuidar de si mesma, com coragem e gentileza.
Drª Bruna Ghetti é médica ginecologista, referência em saúde íntima e longevidade da mulher