Conteúdo/ODOC - O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, determinou a prisão preventiva do empresário José Clovis Pezzin de Almeida, conhecido como Marlon Pezzin, devido ao reiterado descumprimento de medidas protetivas impostas para resguardar a ex-esposa dele, uma estudante de 26 anos. O caso está relacionado a violência doméstica amparada pela Lei Maria da Penha.
A decisão foi tomada neste domingo 7, durante o plantão judiciário, após o magistrado ser informado de que o suspeito voltou a se aproximar da vítima mesmo depois de ter sido intimado sobre a ordem judicial, deferida no dia 26 de novembro.
Para Jean Garcia, o comportamento demonstra desprezo pelas determinações do Judiciário e mantém a mulher exposta a risco contínuo. O juiz reforçou que, diante das circunstâncias, apenas a custódia seria capaz de assegurar o cumprimento das medidas protetivas.
O documento assinado pelo magistrado orienta a expedição imediata do mandado de prisão e estabelece que a autoridade policial comunique o cumprimento assim que ocorrer, para fins de audiência de custódia.
Quatro dias antes, em 3 de dezembro, a juíza Tatyana Lopes de Araújo Borges, da 2ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Cuiabá, já havia reforçado a validade das medidas protetivas por prazo indeterminado enquanto persistir risco à vítima, destacando o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça.
Pezzin é alvo de uma longa lista de processos e episódios policiais em Mato Grosso. Em maio deste ano, ele destruiu o deck do restaurante Haru, na Praça Popular, em Cuiabá, e atropelou uma mulher durante o incidente.
O Olhar Jurídico identificou pelo menos 24 ações contra o empresário na primeira instância estadual, envolvendo cobranças milionárias, supostos crimes de tráfico, atividades irregulares de garimpo, acidentes de trânsito em alta velocidade e agressões contra mulheres.
Entre as acusações, há um inquérito instaurado em 2022 sobre violência contra uma namorada, que teria sido atingida por socos e sofrido ferimentos no rosto e no braço. A defesa do suspeito alega que ele possui transtornos psiquiátricos e não se recorda do ocorrido. Outro registro de agressão data de dezembro de 2021, quando ele foi denunciado por atacar uma testemunha após importunar uma mulher em frente a uma boate na Avenida Isaac Póvoas, também em Cuiabá.
No início de 2025, novamente em uma boate da capital, ele teria ameaçado de morte um casal durante uma comemoração de aniversário, além de perseguir e atacar o veículo de amigos das vítimas, exibindo uma arma. Neste caso, fez acordo judicial e pagou 8 mil reais.
Pezzin já foi preso em uma operação da Polícia Civil de Alagoas que apura um esquema de tráfico de drogas em larga escala e lavagem de dinheiro. Na ocasião, foram apreendidos 15 mil reais em espécie e equipamentos eletrônicos.
Outro episódio grave ocorreu em janeiro de 2024, quando o acusado conduzia um Porsche 911 amarelo e se envolveu em uma colisão na Estrada da Guia, em Cuiabá, deixando o frentista Gabriel de Paula em coma. A vítima, então com 20 anos, voltava para casa após o trabalho. Familiares afirmam que o empresário não prestou socorro.
O empresário também acumula cobranças judiciais por dívidas. Em Peixoto de Azevedo, município a aproximadamente 700 km de Cuiabá, uma cooperativa de garimpo cobra mais de 190 mil reais relativos ao não pagamento de royalties da exploração de ouro. Há ainda ações movidas por empresas e cooperativas de crédito, somando débitos superiores a 250 mil reais.
Nem mesmo o local onde vive escapou de disputas judiciais. O condomínio de luxo Florais do Vale, na capital mato-grossense, processou o empresário por festas com som alto que ultrapassariam os limites legais durante a madrugada. Após ser multado e ignorar as notificações, o valor atualizado da dívida passou de 20 mil reais.
Com a nova ordem de prisão, Marlon Pezzin volta ao alvo da Segurança Pública. Ele permanece sendo investigado e enfrentará a Justiça agora sob custódia, enquanto os demais processos seguem tramitando.