Conteúdo/ODOC - O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), rebateu com dureza as críticas do governador Mauro Mendes (União) sobre a regularização da área do Contorno Leste.
Em entrevista concedida nesta terça-feira (2) na Câmara Municipal, o chefe do Executivo municipal afirmou que a ocupação se consolidou porque o Governo do Estado não atuou quando as primeiras invasões começaram em 2023 e que a Polícia Militar assistiu ao avanço das moradias irregulares sem intervir.
Segundo Abilio, mais de mil famílias já residem no local e retirar todas elas agora seria inviável e injusto diante da demora das autoridades em agir. O prefeito citou ainda que a antiga gestão municipal, comandada por Emanuel Pinheiro, também deixou de atuar enquanto o número de moradores aumentava. Ele acusou o governador de tentar transferir responsabilidades, já que a situação começou quando Mauro já estava no comando do Estado.
As declarações surgem após Mendes ter criticado a decisão da Prefeitura de promover a regularização, afirmando que esse tipo de medida estimula novas invasões e que a postura do governo estadual é de tolerância zero.
Abilio, porém, alegou que diante de qualquer invasão, o procedimento padrão é acionar a Polícia Militar para impedir o avanço, o que não ocorreu. Ele também mencionou vídeos e registros de participações de deputados em reuniões no local durante 2023, insinuando motivação política no episódio.
O prefeito ainda fez referência à investigação sobre o assassinato de João Pinto, antigo proprietário da área, destacando que apurar o crime é atribuição do Estado e que existem suspeitas envolvendo agentes públicos. Em tom crítico, afirmou que o governo deveria ter impedido o início da ocupação por meio da PM, evitando que o conflito se agravasse.
Abilio também devolveu a cobrança ao lembrar que Mauro Mendes, quando prefeito de Cuiabá, promoveu regularizações de áreas ocupadas, citando os bairros Renascer, Doutor Fábio e Jardim Vitória como exemplos de regiões que eram particulares antes da regularização.
Para o prefeito, a situação do Contorno Leste exige uma solução prática diante da realidade atual das famílias que vivem ali há anos. Ele classificou a regularização como a única alternativa possível após sucessivas omissões do poder público. “É amarga, é difícil, mas é a saída”, concluiu.