Conteúdo/ODOC - O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), afirmou que teria adotado outra postura na 15ª Conferência Municipal de Saúde se pudesse voltar atrás. A declaração foi dada em entrevista nesta semana, em meio à repercussão nacional causada por sua interrupção à fala da professora aposentada da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Maria Inês da Silva Barbosa, que utilizava linguagem neutra durante palestra no evento.
Segundo Abilio, a mudança de conduta seria radical: ele afirmou que, hoje, não permitiria sequer que a docente fosse convidada pelo Conselho Municipal de Saúde para participar. “Eu impediria que o conselho chamasse ela para ministrar”, disse.
A fala ocorre após o Ministério Público Federal (MPF) divulgar nota pública classificando a ação do prefeito como “ataque à democracia”. O órgão ressaltou que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve ser um espaço de inclusão e diálogo.
Abilio contestou a visão de que o conselho tenha autonomia total da gestão municipal, argumentando que o presidente do colegiado é o secretário de Saúde — nomeado por ele próprio — e que todo o custeio do órgão e de seus eventos vem da Prefeitura. “Quem é o presidente do conselho?. É o secretário de Saúde. Quem nomeia esse secretário de Saúde?. Quem custeia o evento?. É a Prefeitura”, rebateu.
O prefeito também justificou que sua resistência à participação de Maria Inês estaria ligada ao que define como militância político-partidária. “Ela mesma declarou em entrevista que é militante política e que suas falas são um ato de militância. Eu não quero alguém com esse perfil instruindo sobre saúde em Cuiabá”, afirmou.
Filtro para palestrantes
Abilio anunciou que a Prefeitura passará a adotar critérios mais rigorosos para escolher palestrantes em eventos públicos, incluindo as áreas da saúde e da educação. Ele garantiu que a restrição valerá para qualquer viés ideológico, desde que o conteúdo seja técnico.
“Não vamos aceitar militância político-partidária. Quem for ministrar nas nossas escolas ou na rede de saúde terá que seguir a norma culta da língua portuguesa e manter posicionamento técnico, sem doutrinação ideológica”, disse.
O prefeito citou como exemplo positivo a participação do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), que, segundo ele, “falou apenas de ciência e aspectos técnicos, sem referências políticas”.
“Em Cuiabá, nos nossos eventos, não terá pronome neutro, nem militância política de nenhum lado. O conteúdo será sempre técnico e voltado ao interesse público”, concluiu Abilio.