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Prefeito de Cuiabá enquadra professora, que se retira de evento sobre saúde pública

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Prefeito de Cuiabá enquadra professora, que se retira de evento sobre saúde pública

O GLOBO - Nesta quarta (30), o prefeito de Cuiabá, Ablio Brunini (PL), discutiu com a professora Maria Inês da Silva Barbosa, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), por causa do uso do termo "todes" durante a abertura da 15ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá. Brunini, aliado político de Jair Bolsonaro, afirmou que suspenderia a palestra caso a pesquisadora, doutora em saúde pública, fizesse uma apresentação com "doutrinação ideológica", como se referiu.

Em resposta, a professora disse que se referia a "todas, todos e todes" porque falava sobre acesso igualitário e universal ao SUS, e então se retirou da mesa.

A conferência começou na manhã desta terça, justamente com essa palestra "Consolidar o SUS: Com a Força do Povo, Participação Social e Políticas Públicas", conduzida por Maria Inês. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que o prefeito interrompe a apresentação para reclamar do uso do pronome neutro, e depois a resposta da professora. 

— Aqui na capital Cuiabá, durante a minha gestão, não vou aceitar a manifestação de pronome neutro, não vou aceitar a doutrinação ideológica. Se a gente for fazer discussão da saúde da cidade de Cuiabá, a gente vai fazer conforme as nossas regras.  Se a senhora não se sentir voluntária em fazer uma apresentação que discuta a saúde, sem doutrinação ideológica eu vou suspender a apresentação, porque não condiz com aquilo que a gente tem a intenção de apresentar  — afirmou o prefeito, cuja intervenção foi recebida sob vaias e gritos da plateia.

Prefeito de Cuiabá ameaça suspender palestra após uso de 'todes' e professora se retira

Em seguida, a pesquisadora disse que respeita a forma de pensar do prefeito, mas que ela pensa de forma distinta, e que estava falando de uma política de estado, e não política de governo. 

— Quando eu falo de equidade, eu tenho que considerar todos, todas e todes porque essas pessoas têm voz. Eu não tenho como falar de um acesso universal e igualitário a todas as ações de serviço de saúde, nacional, estadual ou municipal, sem me referir a todas, todos e todes porque são pessoas a serem ouvidas. LGBTQIA+ e quantas letras forem necessárias. Não 

Não sou eu nem o senhor. A sua identidade é uma, a minha é outra, a do outro é outra. Mas deixemos claro: Eu estou falando de um direito à saúde. Estou falando do acesso universal e igualitário. O acesso universal e igualitário é para todas, todos e todes — respondeu a especialista.

Ao final de sua resposta, ela se retirou da mesa.

— O senhor não se preocupe, não vai precisar me retirar da sala. Porque eu me retiro.

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