A morosidade judicial é um dos maiores desafios do sistema de Justiça brasileiro. Cada processo que se arrasta representa mais do que números: são vidas impactadas, direitos postergados, expectativas frustradas e, em última análise, a confiança da sociedade nas instituições comprometida. O atraso nas decisões gera custos adicionais, desgaste emocional e aumenta a percepção de injustiça.
Esse cenário mostra que a celeridade não é apenas um objetivo administrativo, mas uma exigência social. A sociedade demanda respostas rápidas e confiáveis, e a efetividade do Judiciário depende diretamente da capacidade de entregar decisões em tempo adequado. O desafio é grande, mas não intransponível. Diversos tribunais têm demonstrado que a modernização, aliada à gestão eficiente, pode transformar significativamente o funcionamento da Justiça.
O uso inteligente da tecnologia é um dos caminhos mais promissores. Ferramentas de automação de processos, digitalização de documentos, inteligência para gestão de acervos e análise de dados podem reduzir gargalos e aumentar a produtividade sem comprometer a qualidade das decisões. Experiências nacionais mostram que tribunais que apostaram em inovação conseguiram diminuir prazos médios de processos e melhorar a experiência do cidadão com a Justiça.
No entanto, a tecnologia sozinha não resolve o problema. É necessário repensar a gestão interna, otimizar fluxos e procedimentos e estimular a cultura de produtividade aliada à qualidade. A advocacia tem papel essencial nesse processo. Advogados e advogadas contribuem diretamente para a eficácia da Justiça, sugerindo soluções, promovendo mediação e conciliando interesses de forma eficiente, sem abrir mão da segurança jurídica. O diálogo entre magistratura e advocacia é, portanto, fundamental para o sucesso das iniciativas de modernização.
Outro ponto relevante é a necessidade de políticas públicas e iniciativas institucionais que valorizem a inovação e a eficiência. Incentivar a capacitação, reconhecer boas práticas e integrar diferentes áreas do Judiciário contribui para reduzir o acúmulo de processos e criar um ambiente de trabalho mais produtivo e ético. A inovação, nesse sentido, não se limita a ferramentas digitais, mas se estende à gestão de pessoas, processos e conhecimento.
A busca por uma Justiça mais ágil não deve ser vista como um desafio apenas operacional, mas como uma missão social. Uma Justiça eficiente é também uma Justiça que protege direitos, fortalece a cidadania e reconstrói a confiança da população em suas instituições. A transformação do Judiciário exige coragem, planejamento e compromisso com a transparência, mas os resultados impactam diretamente a vida de milhões de brasileiros e brasileiras.
O caminho para a eficiência não é simples, mas é possível. Ao combinar tecnologia, gestão estratégica e colaboração com a advocacia, é viável construir um Judiciário capaz de responder às demandas atuais da sociedade sem comprometer a segurança e a qualidade das decisões. Um Judiciário ágil é, ao mesmo tempo, confiável, democrático e próximo das necessidades do cidadão.
Paola Fernandes - Advogada há mais de 20 anos no Direito Empresarial, Cível e Recuperação de Empresas e, atualmente, no Núcleo de Estratégia Jurídica da Caixa Econômica Federal e ex-vogal suplente da OAB-MT na Junta Comercial de Mato Grosso