DESGASTE POLÍTICO

PL diz que liberou Chico 2000 antes de operação policial e nega relação com investigações

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PL diz que liberou Chico 2000 antes de operação policial e nega relação com investigações

Conteúdo/ODOC - O presidente do Partido Liberal (PL) em Mato Grosso e atual secretário de Governo de Cuiabá, Ananias Filho, afirmou que a autorização concedida ao vereador Chico 2000 para deixar a legenda foi assinada em fevereiro, bem antes da deflagração da Operação Perfídia. A investigação, conduzida pelo Ministério Público, apura suposta compra de apoio político durante a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Cuiabá.

Segundo Ananias, a carta foi assinada em 19 de fevereiro, atendendo a um pedido feito diretamente por Chico no início do ano. “Houve tentativa de convencê-lo a permanecer, mas ele insistiu na saída”, explicou, em entrevista à Rádio Cultura FM nesta quarta-feira (11). O documento foi assinado por ele, pelo presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, e por Benedito Lucas, dirigente da executiva estadual.

Ananias reforçou que o desligamento formal do parlamentar não tem relação com os desdobramentos da Operação Perfídia, que veio à tona em 29 de abril e levou ao cumprimento de mandados de busca e apreensão na Câmara de Cuiabá. Além de Chico 2000, o vereador Sargento Joelson (PSB) também foi alvo das diligências e ambos acabaram afastados dos cargos, mas seguem recebendo salários.

Apesar de já ter recebido a anuência, Chico 2000 ainda não oficializou filiação a outra legenda e, tecnicamente, permanece nos quadros do PL. Ananias evitou comentários conclusivos sobre as investigações. “O partido não deve fazer pré-julgamentos. Vamos aguardar o andamento dos fatos”, afirmou.

A situação política de Chico 2000 se agravou com a deflagração da Operação Rescaldo, que apura um suposto esquema de compra de votos nas eleições municipais de 2020. A denúncia foi apresentada à Polícia Federal pelo atual prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), ainda no início de 2024, antes mesmo do início oficial da pré-campanha.

Abilio entregou à PF registros de mensagens de WhatsApp nas quais cabos eleitorais supostamente vinculados a Chico negociavam votos em diferentes bairros da capital. As conversas mencionavam, entre outros benefícios, transporte no dia da votação, pagamentos por apoio político e até ajuda para regularização de títulos eleitorais.

Com o avanço das investigações, a relação entre Chico 2000 e o PL ficou ainda mais fragilizada. Ele foi destituído da presidência do diretório municipal da sigla e substituído por Abilio Brunini, com aval direto do ex-presidente Jair Bolsonaro, principal liderança do partido. Desde então, Chico passou a ser excluído de agendas da legenda e, em um episódio emblemático, foi impedido por seguranças de se aproximar de Bolsonaro durante visita à capital mato-grossense.