Terra - Há 12 anos, Rafael Fonseca começou a trabalhar como ajudante de pedreiro, já com foco em aprender o máximo possível para passar a ocupar o cargo principal. E assim aconteceu, uns 2 anos depois. A partir disso, de obra em obra, ele se viu trabalhando ‘debaixo do sol’ de domingo a domingo. Até que teve a ideia de compartilhar sua rotina de trabalho nas redes sociais e, hoje, o trabalho com criação de conteúdo sobre a área é a sua principal fonte de renda: “Muito gratificante ser reconhecido”.
Rafael, agora com 29 anos, é de Barra do Garças, no Mato Grosso, e reúne 2,4 milhões de seguidores no Instagram e 2,6 milhões no TikTok, por exemplo. Em entrevista ao Terra, ele contou mais detalhes sobre sua trajetória.
Ele estudou até a oitava série. Chegou a tentar concluir a educação básica por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), mas não conseguiu finalizar. Trabalhava muito durante o dia e a rotina ficava cansativa. Pulou de empresa em empresa até que, como conta, “caiu em uma que era de prestação de serviço” e começou na área da construção.
A prática o ensinou muito. Rafael também fez cursos livres e se especializou como técnico na área pelo SENAI. Até que, em 2019, tentou compartilhar sua rotina na internet pela primeira vez. No mesmo ano, nasceu a sua filha.
“Eu gostava muito de assistir vídeos na internet. Aí minha esposa e eu ficávamos falando: ‘Nossa, a gente podia fazer vídeo’. Eu comecei a fazer vídeos naquele formato do YouTube, que é vídeo longo, na horizontal. Não deu certo. Eu fiquei mais ou menos seis meses fazendo vídeo, fazendo vídeo... O vídeo dava uma, duas visualizações, três. Aí eu apaguei tudo e fiquei mais ou menos um ano e meio só trabalhando normal, sem filmar, sem fazer nada”, contou Rafael.
Depois, foi só em 2021 que ele voltou a fazer vídeos. Dessa vez, já no formato vertical, focando no TikTok e no Kwai, com no máximo um minuto e meio de duração. E tudo mudou: dessa vez, os internautas ficaram interessados.
A rotina de Rafael, então, começou a mudar. Para todo o serviço, além dos itens de obra, ele começou a levar o tripé, a filmar e, depois, a publicar nas redes sociais. “Querendo ou não, é diferente, né? A pessoa chegar para fazer um serviço e colocar um celular para gravar o serviço. É diferente. As pessoas estranhavam”, relembra o pedreiro, com um sorriso de canto.
Agora, a criação de conteúdo virou sua principal frente de atuação. “Às vezes eu ainda pego obra, mas fica muito corrido. Geralmente, eu faço mais [reformas] em casa porque assim eu tenho mais liberdade de tempo para gravar, para editar”, explica.
Com a internet, ele voltou a ter finais de semanas livres, mais confortáveis. E, sobre a renda, ele contou à reportagem que, focando na internet, ele ganha o similar ao que “um pedreiro bom”, como chamou, ganha se dedicando exclusivamente às obras atualmente. Para ele, comparado a quando ele começou, a profissão está mais valorizada.
O mais gratificante de tudo isso, para ele, é ser reconhecido. “Tipo…Um pedreiro, ser tão reconhecido assim na internet... E o nível que eu consegui chegar… Porque quando eu comecei a produzir conteúdo pra internet, eu não tinha essa ciência de monetização, de parceria, de publicidade. Eu comecei espontâneo. A gente foi adquirindo um público que realmente se engaja bastante com os conteúdos”, contou.
Ele trabalha com a esposa e, por trás das câmeras, também tem outros funcionários que o ajudam adiantando serviços que são filmados. Para o futuro, sua meta é montar uma equipe, colocar mais pessoas para trabalhar junto, e voltar a colocar a mão na massa em grandes serviços, obras grandes. Mas, por enquanto, quer aproveitar o hype da internet e aproveitar esse momento.
