Agro News
Parasita impõe dificuldades aos produtores para cultivo de algodão na região Sul de Mato Grosso
O nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis) é considerado hoje o de maior problema para a cultura do algodão. Em Mato Grosso, a distribuição tem se tornado importante nas áreas produtoras do Sul do Estado, como Serra da Petrovina, no município de Pedra Preta, ainda em Campo Verde e Primavera do Leste.
Produtores da pluma e sementeiros encontram dificuldades até mesmo na sucessão com a soja, já que esta reproduz primeiro o parasita e deixa uma herança populacional para o algodoeiro. Uma das alternativas tem sido substituir o algodão pelo milho na segunda safra, mas há outras possíveis, desde que feitas de maneira integrada.
A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), por meio da sua área de conhecimento em Nematologia e junto com sementeiros, avalia há várias safras diferentes estratégias de manejo que contribuam para reduzir a infestação do parasita no sistema de produção.
Um dos experimentos está instalado na Serra da Petrovina, há três safras, em uma área de três hectares de algodão de longo prazo, onde o problema já existia. Este assunto também será apresentado e debatido no XV Encontro Técnico Algodão, de 28 a 30 de agosto, realizado pela instituição em Cuiabá.
A nematologista e pesquisadora da instituição, Rosangela Silva, à frente do trabalho, explica que um dos principais pontos negativos da espécie é o de não existir hoje cultivar de soja de ciclo curto ou de algodão com resistência.
“É um nematoide de difícil manejo, não tem cultivar de soja ou algodão que seja resistente, a planta de soja nem morre e já vem algodão na sequência, então multiplica. E o reniforme, na ausência da planta hospedeira, sobrevive por 180 dias”, completa.
Além da capacidade de sobrevivência, esse é um nematoide que não causa sintomas visíveis nas raízes das plantas de algodão e a clorose foliar também não é comum, o que contribui para que sua presença seja menosprezada na lavoura. “Somente com população alta é possível visualizar folhas carijós, porém, até 80 dias após a emergência, depois disso a folha cai e não se vê mais”, coloca Rosangela.
As plantas infectadas com R. reniformis são tipicamente subdesenvolvidas e menores que as plantas normais. No algodão, as cultivares suscetíveis podem sofrer decréscimo de produtividade variando de 60,6% a mais de 74% em áreas de altas infestações, de acordo com estudos da Fundação MT.
Problema antigo
No Grupo Bom Jesus, que normalmente utiliza cinco mil hectares na Serra da Petrovina para o plantio de algodão, o nematoide reniforme também é considerado o mais prejudicial. “Há anos que em algodão é o mais grave, nem chega perto de nematoide de cisto na soja”, conta Daiane Cristina Flavio, coordenadora técnica regional. Ela acrescenta que a percepção da espécie nas áreas do Grupo foi em 2004 e que se tornou mais generalizada em 2010. “Está se expandindo em Campo Verde e Primavera do Leste. Na região do Médio-Norte, em Campos de Júlio (Parecis) e na Bahia temos um pouco menos, mas já há relatos”, completa.
A profissional explica que uma das estratégias da companhia tem sido rotacionar a soja com milho, alternando com soja-algodão. Também relata que como não há cultivar resistente, a opção é sempre escolher materiais com sistema radicular mais agressivo para áreas mais problemáticas, na tentativa de que sofram um pouco menos. “Também usamos produtos biológicos nas três culturas, soja, milho e algodão, percebemos que vem agregando”, diz.
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