A esta altura do campeonato, ou melhor dizendo, do ano letivo, é possível que tomemos um susto com estado do material escolar das crianças. Olhando o material dos meus filhos tive a tentação de lhes chamar a atenção pelo que encontrei, mas me contive.
Folheando seus cadernos, vi traçados esforçados de letrinhas novas surgindo no papel. Em outro, os sinais de borracha que quase furaram a folha até que se chegasse ao resultado correto do cálculo de matemática. No caderno de caligrafia vi a dedicação na cópia das orações em latim.
Tocos de lápis ou um apontador quebrado perdem totalmente a importância diante do fato de assistir à formação de uma pessoa.
Quanto aos livros sou mais exigente. Quero que aprendam a ter um zelo especial, que entendam que farão parte de sua história de vida. Boas leituras ficam gravadas em nós e passam a fazer parte do que somos.
Quando criança, eu ajudava minha mãe a encapar meus livros e de minha irmã a cada início de ano. Eu acreditava ser um ofício muito importante, achava bonita a estante se enchendo de tantas possibilidades de aprendizado. Lembro até hoje dos livros do meu tempo de escola. Sem exagero, me lembro até da capa de alguns cadernos.
Experimento com meus filhos um pouco daquilo que vivi na minha infância. É emocionante vê-los crescer e descobrir o mundo. No perfume de seus livros, mergulho novamente na maravilhosa aventura de aprender.
Dos livros de minha infância tenho poucos exemplares. Muitos foram doados para a biblioteca de um projeto em um bairro periférico. Isso me alegra e me causa grande curiosidade.
Será que as histórias que um dia me geraram tanta admiração tiveram o mesmo efeito em outras crianças?. Será que deixaram nelas lembranças tão marcantes quanto em mim?.
Provavelmente nunca saberei. Mas com minha imaginação viajo, pensando se já passei por alguém que folheou os mesmos livros que eu, que lição tirou deles e em que os transformou.
Rejane Monge é nutricionista formada pela UFMT e servidora pública estadual
