ALEXANDRE CÔRREA MENDES

"O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons"

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"O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons"

Nos últimos dias tenho acompanhado as acusações gravíssimas em desfavor de vários policiais militares que foram presos cautelarmente em uma grande Operação Policial da Policia Judiciaria Civil. Todos os nomes foram devidamente expostos à imprensa local, inclusive os endereços dos locais de busca e apreensão. Todos os PMs já são considerados culpados e não suspeitos do crime. Digo isso, pois até agora o que presenciei foram duas singelas manifestações de pessoas ligadas diretamente à Polícia Militar, sendo o institucional da PMMT veiculado por meio de nota, e a segunda manifestação a do presidente da Associação de Cabos e Soldados. Quanto à Segurança Pública não há um único pronunciando perante os meios de comunicação para pedir cautela antes da condenação pública ou “quiçá” buscar informações e esclarecimentos no tocante a participação e a individualização da responsabilidade de cada PM.

Estamos assistindo nos sites e telejornais determinadas entrevistas com cunho literalmente político, onde pessoas estão pronunciando, emitindo suas opiniões das seguintes formas:

“O Estado não coaduna com bandidos fardados”
“O Estado está tendo Tolerância Zero”
“Esses PMs serão todos expulsos”

Temos que frisar que devemos respeitar os princípios da presunção de inocência e do devido processo legal: o básico em matéria de Direito

Mas aqui fica a minha indagação: Onde estão os Representantes que conhecem a realidade da Instituição Policial para buscar ouvir e dar voz aos PMs que trabalhavam diretamente com os colegas ora acusados? Até porque os acusados ainda não foram condenados juridicamente, mas perante a opinião pública e aos hipócritas, todos já são culpados;

Os hipócritas são habilidosos em dizer o que a grande massa quer ouvir, sem realmente ir a fundo e tentar entender ou buscar esclarecer a responsabilidade de cada policial naquela determinada ação, ou seja individualizar cada ação naquele fato concreto;

Os hipócritas adoram aprovação social, principalmente das pessoas menos esclarecidas, fazendo ações, muitas das vezes de sua inteira obrigação, pela posição que ocupa ou até mesmo para o que foram eleitos, e assim gastam milhões em autopromoção, tornando aquele gasto muito maior do que a ação social propriamente dita;

Não estou aqui para desacreditar as investigações da PJC do Estado, até porque esse crime cometido contra a vida do Dr Renato Nery precisa, urgentemente, ser totalmente esclarecido, pois várias pessoas já tiveram suas casas e escritórios sendo “visitados” através dos Mandados de Busca e Apreensão, sendo inclusive uma delas na cidade de Guarantã do Norte, em desfavor de um PM da Reserva , que teve a sua vida totalmente exposta.

Precisamos sim que o devido processo legal seja o mais justo e esclarecedor para que não paire nenhuma dúvida quanto aos autores desse bárbaro crime.

Mas finalizo indagando: Onde estão os senhores representantes da Instituição, eleitos ou nomeados nas mais variadas funções, independente da natureza civil ou militar? Pois, aqui de fora estamos testemunhando o sofrimento calado dos nossos colegas de profissão. É certo que o silêncio dos bons está permitindo que lagrimas pela injustiça sejam derramadas por aqueles que colocam a própria vida em defesa da sociedade, e neste momento de omissão e covardia não estamos vendo ninguém enxugando esse liquido derramado nos rostos de homens e mulheres da nossa centenária PMMT, moralmente abalada, e ainda sendo cobrada diariamente por resultados na Operação intitulada Tolerância Zero, cuja pratica ainda não surtiu nenhum resultado esperado, mas isso é pauta para um próximo artigo.

Alexandre Corrêa Mendes – Cel PM
Veterano e Ex Comandante Geral da PMMT