Há dias em que acordo como se o sol tivesse nascido dentro de mim. O corpo leve, a mente clara, a vontade de fazer acontecer. Em outros, o peso é tão sutil quanto invisível, mas me prende como se estivesse carregando uma mala cheia de pedras — e nem sei de onde elas vieram. É nesses momentos que penso: de onde vem essa força que nos impulsiona ou nos abandona?
Enquanto a água esquenta para o café, lembro que Albert Lehninger, cientista das minúcias da vida, revelou que nas profundezas das nossas células existem pequenas usinas chamadas mitocôndrias. É dali que o combustível é produzido. Quando funcionam bem, somos puro movimento; quando falham, é como se o motor engasgasse.
Mas não é só o corpo que comanda essa energia. Candace Pert nos ensinou que pensamentos e emoções deixam rastros químicos, "moléculas da emoção" que circulam por todo o organismo. Um dia carregado de preocupação é como cortar a energia da cidade; já a alegria é como acender todas as luzes de uma vez.
Jeffrey Bland, da medicina funcional, vai mais longe: lembra que a energia vital depende de um sistema equilibrado, da saúde do intestino à qualidade dos alimentos, e que inflamações silenciosas drenam nossa potência. É como um jardim — não basta regar, é preciso cuidar do solo.
E antes que a ciência desse nome a tudo isso, a sabedoria ancestral já entendia o essencial. No yoga e na meditação, chamam de prana; no taoísmo, de qi. Deepak Chopra traduz para o mundo moderno: é a corrente invisível que une corpo, mente e espírito.
Termino o café e faço um pacto comigo mesma: hoje vou abastecer meu motor invisível. Comer com consciência, respirar com presença, guardar energia para o que me faz florescer. Porque saúde, no fundo, não é só estar sem doenças — é sentir a vida pulsando em cada célula.
E você?. Já ouviu o ronco suave do seu motor hoje?.
Soraya Medeiros é jornalista com MBA em Marketing, formação em Gastronomia e certificação como sommelier. Une comunicação, estratégia e enogastronomia