Opinião
NEILA BARRETO – Nossas festas
Em Cuiabá-MT muitas famílias têm orgulho de levar para os seus descendentes as festas organizadas pelos seus ancestrais. Para eles é considerada um patrimônio para a família que se sente honrada em passar a tradição e a devoção para os seus descendentes.
Elas podem ser religiosas, folclóricas, carnavalescas. Essas festas são praticadas em Cuiabá, em Mato Grosso e, em outros estados brasileiros.
Entre nós, é forte por exemplo as festas de famílias em homenagem a Nossa Senhora de Santana, conforme Roberto Loureiro em Cultura Mato-grossense: Festas de Santos e outras tradições, segundo a tradição católica-romana, Santa Ana ou Sant’Ana é a mãe da virgem Maria, avó de Jesus, esposa de São Joaquim e é considerada a padroeira dos idosos. O seu dia é comemorado pela Igreja Católica no dia 26 de julho.
No Ocidente a comemoração de Sant’Ana tornou-se forte após o século X, sendo que no Oriente era venerada desde o século IV. Sant’Ana e São Joaquim com idade avançada não tinham filhos. Sant’Ana rezou a Deus e ficou grávida de Maria. Em agradecimento jurou a Deus que entregaria a filha para ser criada no templo e assim receber a preparação para ser a mãe do Salvador.
As festas populares e o folclore brasileiro são um dos mais expressivos e ricos do mundo, manifestando-se nas canções, lendas, danças, crendices e na literatura. A mistura das raças e povos na formação da nação brasileira diversifica as festas e os eventos folclóricos em todas as regiões do país. São tantas as práticas folclóricas brasileiras! Algumas chegam a interferir no cotidiano da população. As fases da lua, por exemplo, determinam a época do plantio e da colheita.
Nas regiões Norte e Nordeste do país, o bumba-meu-boi está inserido no calendário cultural. O bumba é uma brincadeira tradicional das festas juninas do Brasil, com personagens vestidos de índios e vaqueiros dançando e cantando ao som de zabumbas, matracas, pandeiros e orquestra.
O Festival Folclórico de Parintins, uma cidade do estado do Amazonas é o maior espetáculo da região, tendo como motivo a disputa entre dois grupos de bumba-meu-boi. Em Pirenópolis, cidade histórica de Goiás, a festa do Divino Espírito Santo, conhecida como Cavalhadas, lembra a luta de conversão dos mouros ao cristianismo.
Na Bahia, no Nordeste, o sincretismo religioso é praticado nas festas de Nosso Senhor do Bonfim, com a lavagem das escadarias da igreja, e de Iemanjá, senhora dos ventos e das tempestades que recebe flores em alto mar. Na Região Sul, no estado do Rio Grande do Sul, é forte a tradição dos fandangos, bailes campestres de danças sapateadas ao som de músicas regionais. A Festa de Reis, uma homenagem aos reis magos que anunciam a chegada do Messias, está no calendário de várias regiões do país.
O folclore está presente no teatro, com os autos populares; na música, com as cantigas de roda e de ninar; e na dança, com o frevo, maracatu, maxixe, a folia de Reis e a congada; no vestuário, nos trajes das baianas e dos dançarinos dos maracatus e da chula.
Personagens fantásticos do folclore brasileiro povoam o imaginário popular, como o Saci Pererê, o moleque das pradarias gaúchas que anda numa perna só, o Lobisomem, que se transforma em monstro em noite de lua cheia, e o Boto, que surge das águas amazônicas sob a forma de um belo rapaz para seduzir as mocinhas. Em todas as suas manifestações, é evidente a presença do folclore no ambiente brasileiro.
A maior festa popular do Brasil é o Carnaval. A região sudeste para durante três dias em função dos folguedos de Momo, com o deslumbrante e longo desfile das escolas de samba na avenida.
Na Região Nordeste, especialmente no Carnaval do estado da Bahia, o que reúne o povo nas ruas são os trios elétricos, invenção baiana, arrastando multidões pelas ruas da cidade.
Em contrapartida ao período carnavalesco, na região norte do país, o brasileiro festeja com reverência as festas religiosas. Em Belém, no Pará, cerca de 2 milhões de pessoas participam do Círio, uma procissão de fé que se realiza em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré.
Nas regiões Norte e Nordeste, as festas juninas preservam a cultura interiorana, com cantigas de roda, e a tradicional quadrilha, que é uma sátira aos costumes do roceiro. São também realizados os chamados forrós, bailes populares tradicionais organizados ao redor de fogueiras que ardem e de variadas comidas típicas.
No Sul do país, as festas populares revivem os costumes e a cultura do imigrante. A Oktoberfest, festa tradicional da cerveja realizada na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, exibe danças e trajes típicos da Alemanha. No Rio Grande do Sul, dezenas de festas populares homenageiam a arte e a tradição do gaúcho e de seus antepassados europeus, conforme publicação do Ministério do Turismo.
Neila Barreto é jornalista, mestre em História e membro da AML.


Opinião
LUCAS BERTOLIN – Agosto Branco: mês de conscientização do câncer de pulmão
Você, com certeza, já ouviu falar do Outubro Rosa, Novembro Azul ou Dezembro Laranja, mas já ouviu falar do Agosto Branco? Pois é, o câncer de pulmão é um dos cânceres mais mortais do mundo e normalmente não possui sintomas claros. O mês vem conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção desse tipo de câncer.
Para se ter uma ideia da abrangência da doença, o câncer de pulmão é o que mais causa mortes no mundo. Em homens é o primeiro da lista, em mulheres é o segundo entre as estimativas mundiais. Segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), foram 1,7 milhão de vítimas no mundo em 2020, mais de 30 mil mortes apenas no Brasil.
Ainda, segundo os dados, o câncer de pulmão, é o terceiro mais comum em homens (17.760 casos novos) e o quarto em mulheres no Brasil (12.440 casos novos), sem contar o câncer de pele não melanoma. Ou seja, é uma doença que merece mais destaque nas ações de saúde e nas campanhas nacionais.
O paciente com câncer que chega até nós, tem um perfil muito delimitado. Normalmente eles aparecem na consulta com a doença já avançada, em condições menos favoráveis para o tratamento curativo, então partimos para o paliativo. Esses pacientes são, na maioria das vezes, fumantes e moradores da zona rural com menor instrução. Essa característica exemplifica a mortalidade da doença, mostrando que o diagnóstico tardio e o fumo são dois entraves.
O tabagismo, incluo aqui os cigarros eletrônicos, é o principal fator de risco do câncer de pulmão, representando 85% dos casos. O que mostra que uma parcela dos pacientes que não fumam pode desenvolver a doença, atrelada a fatores genéticos, exposição a determinados gases e metais pesados, como sílica, pessoas que usam o fogão a lenha com frequência e ainda os fumantes passivos, que são aqueles que convivem com pessoas que fumam.
O grande desafio do câncer de pulmão é que ele é, normalmente, silencioso, com sintomas iniciais não muito claros e até mesmo tardios. Quando os sintomas aparecem, tendem a significar que a doença já está em estágio mais avançado, como tosse por mais de um mês, com presença de sangue ou com piora progressiva, dor torácica persistente, falta de ar e dificuldade para respirar.
Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante. Para você que fuma, ou já fumou, mora com alguém que usa tabaco, ou mesmo que usa muito fogão à lenha ou trabalha exposto a algum gás, mantenha consultas regulares com médicos especialistas e realize tomografias de rastreamento.
E, o mais importante, a principal prevenção é parar de fumar! Sem o fumo, mantendo hábitos de vida saudável, praticando atividades físicas e tendo uma alimentação saudável, as suas chances de aproveitar o melhor da vida aumentam exponencialmente.
Lucas Bertolin é cirurgião oncológico no Hospital de Câncer de Mato Grosso, da Oncolog e do Consórcio de Saúde da Região do Vale do Peixoto
Opinião
GONÇALO ANTUNES DE BARROS – Estado e Igreja
As angústias que nos cercam são oriundas das perguntas sem respostas. Quando se está de frente para o mistério sobressai o medo ou a inquietação, ou ainda ambos.
A resignação não é dom dado a todos, tendo uns a indagação como sua essência e modo de vida.
Avançar sobretudo naquilo que não nos aparece, que não conhecemos pelos sentidos e nem podemos imaginar a origem, conteúdo e forma, nos absorve em pensamentos e ilações que nem sempre têm conclusões. A indiferença da natureza para conosco nos devora a inteligência e desespera.
Disso resulta que somos presas fáceis dos messiânicos porta-vozes da felicidade e de cura de todos os males. O povo não tem o necessário discernimento sobre o fenômeno e tampouco está interessado em aprender. Querem o “alimento” espiritual como forma de esquecer a miséria material.
Nunca deu certo Estado e religião (quaisquer das denominações) se misturarem. O estrago será sentido no tempo, especialmente na criação e crescimento da intolerância religiosa, que por si só é gravíssima. O púlpito religioso e a farda, que estavam esquecidos, foram trazidos para a cena de importância do momento (status) social e não sairão tão fácil. É sintomático, todos gostamos de afagos e de sermos lembrados. A aristocracia da força e fé voltou à cena e não vai querer perder a importância. A burguesia tende a perder a nobreza, e isso também já preocupa banqueiros e industriais.
O orador irlandês foi preciso: “O preço da liberdade é a eterna vigilância” (John P. Curran). A democracia não é o ideal, mas ainda é o melhor. Nela se pode divergir, libertar-se, ter identidade de acordo com o próprio entendimento, vontade. A manifestação é livre e o Direito é o guardião de todas as conquistas políticas e sociais.
Mas o Direito não engana a fome e não faz dela, esquecimento. É preciso a metafísica (não a voltada para a ciência) para impor imaginação, crença em dias melhores e num reino todo preparado para os que sofreram. Por isso a luta e engajamento político fracassam no universo mágico das alternativas espirituais.
Quando aceitamos a hipótese de não haver resposta para tudo e a realidade sensível é o que nos faz inseridos num espaço de dignidade ou de miséria, a vida e a consciência humana se unem. Passamos a enxergar a cidadania e lutar por ela, não permitindo espaço para qualquer tipo de retrocesso.
O povo se projeta como tutor da democracia, considerando-a como regime político melhor para a administração do Estado, nela depositando seu total interesse.
A Constituição se torna uma mera folha de papel quando os fatores reais de poder assim desejarem (para lembrar de Ferdinand Lassalle). A norma constitucional e a sua conformação exigem que o povo, quando transformado no maior fator real de poder, o que a democracia impõe, tenha conhecimento e aceitação pelos seus termos e creditam a ela o comando normativo da nação. Não pode ser transformada em simples peça de retórica em época eleitoral.
A par disso, está cristalino no texto constitucional a laicidade do Estado brasileiro. Estado e religião caminham separados, devendo as denominações religiosas pararem com essa simbiose entre crença e eleições, o que vem se acentuando com as denominadas bancadas evangélicas, católicas, espíritas etc. Afinal, dê a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus (Mateus, 22:21).
É por aí…
Gonçalo Antunes de Barros Neto tem formação em Filosofia e Direito
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