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MP pede arquivamento de ação contra ex-marido, cunhado e irmão de presa por matar grávida

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MP pede arquivamento de ação contra ex-marido, cunhado e irmão de presa por matar grávida

Conteúdo/ODOC - O Ministério Público de Mato Grosso solicitou o arquivamento de um inquérito policial complementar que apurava a possível participação de três pessoas no brutal assassinato da adolescente Emelly Beatriz Azevedo Sena, de 16 anos, ocorrido em março deste ano.

Grávida de nove meses, a jovem foi morta por Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, que retirou o bebê de seu ventre e enterrou o corpo no quintal de uma casa no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá (MT).

Os alvos da investigação complementar — Aledson Oliveira da Silva, Christian Albino Cebalho de Arruda e Cícero Martins Pereira Júnior — chegaram a ser presos durante as primeiras fases do caso, mas acabaram sendo liberados após a confissão de Nataly, que assumiu total responsabilidade pela ação criminosa.

De acordo com o promotor Rinaldo Segundo, responsável pelo pedido de arquivamento, não há qualquer prova de que os três tenham colaborado ou sequer soubessem do plano executado por Nataly. A apuração conduzida pelo delegado Michel Mendes Paes, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), apontou que a autora do crime agiu de forma isolada, sem o auxílio de terceiros.

Cunhado, marido e irmão da autora foram inocentados

Aledson, cunhado de Nataly, foi acusado inicialmente por ter acompanhado a mulher ao Hospital Santa Helena no dia do crime, onde ela tentou registrar a criança como se fosse sua. No entanto, ficou comprovado que ele apenas prestou ajuda à família após as suspeitas médicas e que trabalhava como motorista de aplicativo no momento do assassinato, com álibi confirmado.

Christian, companheiro de Nataly na época, foi apontado pelo Ministério Público como mais uma vítima da farsa: ele acreditava na gravidez da esposa, que usava documentos falsificados e evitava qualquer acompanhamento médico com familiares. No momento do crime, ele estava no trabalho, em um restaurante.

Já Cícero, irmão da autora e dono da casa onde o crime ocorreu, também foi inocentado. As investigações revelaram que Nataly se aproveitou do fato de a chave da residência ficar escondida em um local de fácil acesso para a família. Cícero estava em serviço em uma obra de construção civil no dia do homicídio, e também teve seu álibi confirmado.

Exames, denúncias e celulares analisados

Durante a investigação, a polícia apurou denúncias anônimas que sugeriam, entre outras hipóteses, tráfico de recém-nascidos e envolvimento direto de familiares. Nenhuma delas se sustentou após as diligências. Também foram periciados os celulares dos quatro investigados e, segundo relatório técnico, não foi encontrado qualquer conteúdo que indicasse participação ou conhecimento prévio do crime por parte de Aledson, Christian ou Cícero.

“O que se concluiu é que todos foram surpreendidos pelos atos de Nataly, assim como os demais familiares. A atuação dela foi solitária e premeditada”, afirmou o promotor Rinaldo Segundo.

O crime

Emelly foi atraída de Várzea Grande até a capital com a promessa de ganhar roupas para o bebê. No local, foi assassinada por asfixia. Em seguida, Nataly improvisou um parto com uma faca e uma navalha, retirou a criança do corpo da vítima e a enterrou no quintal da casa. Poucas horas depois, tentou dar entrada no hospital como se tivesse acabado de dar à luz.

Nataly foi presa em flagrante, confessou o crime com detalhes e acabou denunciada pelo Ministério Público por diversos crimes, incluindo feminicídio qualificado, subtração de recém-nascido, ocultação de cadáver, falsificação de documentos e fraude processual.

Na Justiça, a defesa chegou a tentar uma avaliação psiquiátrica alegando traumas de infância, mas o pedido foi rejeitado. Desde março, ela está detida na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá.

Com o pedido de arquivamento, o Ministério Público reconhece que a responsabilidade pelo crime é exclusiva de Nataly Helen Martins Pereira.