GABRIEL NOVIS NEVES

Minhas refeições

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Minhas refeições

Fui criado com seis refeições diárias, e na época os moradores da minha cidade seguiam o mesmo exemplo.

Ao acordar, guaraná ralado ou um cafezinho, seguido de café com leite e pão com manteiga.

Às 10 horas, era a merenda, geralmente uma fruta dos quintais.

O almoço acontecia ao meio-dia e consistia apenas no prato principal, rico em proteínas animais e carboidratos.

Naquela época, o cuiabano não gostava de saladas de verduras e legumes.

Apesar do rio Cuiabá ser rico em peixes, a preferência do cuiabano era por carnes bovinas e suínas. A carne de frango caipira era a segunda escolha.

No almoço, o pacu, dourado, matrinxã, pintado, piraputanga, e caldo de piranha eram comuns.

Arroz, feijão mulatinho, macarronada, farofa de vários tipos, batata e banana frita, além de torresmo, nunca faltavam na mesa do cuiabano.

A sobremesa era feita pelas donas de casa, com muito carinho.

Na merenda da tarde, era comum salgadinhos, bolos e suco de frutas caseiras.

No jantar, não podia faltar sopa de macarrão ou de batata-doce, acompanhada de pão francês quentinho.

Meu pai sempre jantava um copo grande de nata de leite e um sanduíche com pão, manteiga, queijo, salaminho e presunto, e a meninada o acompanhava nesse lanche.

A sobremesa era uma xícara de café para os adultos.

O lanche antes de dormir para a garotada, um copo de café com leite e pão francês com manteiga e açúcar.

Quando fui estudar o terceiro grau, adquiri novos hábitos alimentares.

Fui obrigado a me acostumar com as refeições das pensões e do restaurante universitário, onde a comida vinha em bandejões de alumínio, com pequenas divisórias, sobremesa e copo de papel com leite gelado.

Nos plantões dos hospitais, as refeições eram simples, mas a ceia sempre era esperada — galinhada com arroz.

Esses hospitais tinham cantinas terceirizadas, e lá descobri a pizza napolitana, comprada por fatias, e o famoso ‘sanduíche de bauru’.

Quando voltei à minha cidade natal, passei a me alimentar de tudo, exceto peixe cru.

Minhas refeições hoje:

Ao acordar, tomo uma xícara pequena de café quente. Depois, como meio mamão-papaia gelado com colher de sobremesa, e uma xícara de café com leite quente, acompanhada de quatro petas.

Às 10 horas, uma laranja gelada, fatiada e sem caroços, em prato de sobremesa.

No almoço, tenho um prato feito pela cozinheira, começando com uma salada de folhas verdes, rodelas de tomate, palmito, azeitonas verdes, castanhas-do-pará e caju, regadas com azeite, vinagre ou limão.

A sobremesa é uma fruta gelada, que pode ser manga, melancia, melão, fruta-do-conde ou uma salada de frutas.

À tarde, a merenda é maçã ou pera gelada.

No jantar, uma tigela com dois ovos cozidos e temperados com sal, acompanhado de uma xícara de café com leite, pão integral com manteiga, presunto e queijo branco na sanduicheira.

A sobremesa são dez ameixas pretas com caroços.

Antes de dormir, como uma banana-prata.

Gabriel Novis Neves é médico e ex-reitor da UFMT