Conteúdo/ODOC - O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), fez críticas contundentes à forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu ao anúncio dos Estados Unidos sobre a aplicação de novas tarifas a produtos brasileiros. A medida norte-americana entra em vigor na próxima sexta-feira (1) e, segundo Mendes, pode trazer prejuízos significativos para o país.
Durante entrevista concedida à Jovem Pan News nesta segunda-feira (28), o chefe do Executivo mato-grossense lamentou o que chamou de condução inadequada do governo federal diante do episódio. Segundo ele, o presidente Lula teria menosprezado a gravidade da situação ao ironizar o ex-presidente Donald Trump em vídeo publicado nas redes sociais.
“O presidente fez piada com jabuticaba, e isso pode até parecer engraçado aqui dentro. Mas como essa mensagem chega lá fora?”, questionou Mendes, ao lembrar da gravação em que Lula colhe a fruta no Palácio da Alvorada e ironiza a decisão norte-americana com a frase: “quem come jabuticaba de manhã não precisa de briga tarifária”.
Para Mauro Mendes, esse tipo de atitude não condiz com a responsabilidade de um chefe de Estado. Ele destacou que outras nações afetadas por decisões similares, como China e União Europeia, adotaram estratégias mais diplomáticas e conseguiram avanços.
“Os chineses foram atingidos por uma medida parecida e não ironizaram ninguém. Foram lá, negociaram e conseguiram rever a decisão. A União Europeia, por exemplo, acaba de fechar um acordo de 15% com os Estados Unidos”, afirmou.
O governador também lamentou que parte dos brasileiros tenha apoiado a decisão de Trump de sobretaxar os produtos nacionais. “Não posso concordar com quem, sendo brasileiro, vai para fora defender um tarifaço que pode prejudicar produtores e trabalhadores daqui”, criticou.
Além da relação com os EUA, Mendes apontou o agravamento da imagem do Brasil no cenário internacional. Ele citou como exemplo a decisão recente da Venezuela de aplicar tarifa de até 77% sobre produtos brasileiros.
“Chegamos a um ponto em que até a Venezuela, governada por um ditador conhecido e com histórico de calotes, resolveu nos taxar. Isso mostra o nível de desmoralização diplomática a que chegamos”, declarou.
Para o governador, é preciso tratar as relações comerciais com seriedade e entender a importância das exportações para a economia nacional. Segundo ele, o momento exige menos confrontos ideológicos e mais diplomacia. “Todos os países sabem que o comércio bilateral é essencial. Quando perdemos isso de vista, todos saem perdendo”, concluiu.