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Mãe e filho enfrentam júri por execução de empresário e vendedor na capital; acompanhe

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Mãe e filho enfrentam júri por execução de empresário e vendedor na capital; acompanhe

Acontece nesta quarta‐feira (12), no Fórum da Capital, o julgamento pelo Tribunal do Júri dos três acusados no duplo homicídio ocorrido no dia 23 de novembro de 2023, no interior do Shopping Popular de Cuiabá.

As vítimas foram o lojista Gersino Rosa dos Santos e o vendedor Cleyton de Oliveira de Souza Paulino.

O julgamento acontece 11 dias antes do crime completar dois anos. Os acusados são mãe e filho Jocilene Barreiro da Silva e Vanderley Barreiro da Silva, e o executor contratado, Sílvio Júnior Peixoto.

O julgamento é conduzido pela juíza titular da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, Mônica Catarina Perri Siqueira e integra as ações do Mês Nacional do Júri, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que prevê durante o mês de novembro a realização de 208 sessões de julgamento em diversas comarcas do estado.

Sobre o julgamento

Após o sorteio das pessoas que irão compor júri, os três réus e cinco testemunhas de acusação serão ouvidas. O primeiro a testemunhar é o delegado responsável pelo caso, Nilson Farias.

Relembre o caso

De acordo com o Ministério Público, Jocilene e Vanderley encomendaram o assassinato de Gersino. No dia do crime (23/11/2023), o executor entrou no shopping, aproximou-se da vítima Gersino e disparou duas vezes pela nuca. O segundo projétil transpassou o corpo de Gersino e atingiu Cleyton, que estava na linha de tiro.

O conselho de sentença irá julgar o caso classificado como homicídio qualificado, com mandantes, executor, motivo torpe (vingança) e duplo resultado. Número do processo: 1002932-92.2024.8.11.0042

Acompanhe as atualizações abaixo:

09h12: Início da sessão

O júri foi sorteado e composto por cinco mulheres e dois homens. A sessão ocorre no plenário da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, sob a presidência da juíza Mônica Catarina Perri Siqueira.

09h26: Primeira testemunha

O primeiro a depor foi o delegado Nilson André Farias de Oliveira, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, responsável pelas investigações do caso.

Segundo o delegado, o crime gerou grande comoção social, por ter ocorrido em um local de grande circulação da população cuiabana. “Foi uma cena de forte impacto. Duas vítimas caídas ao solo. No local, identificamos um projétil e duas cápsulas deflagradas. A partir disso, colhemos imagens de diversas câmeras de segurança do shopping. Com o auxílio da população, conseguimos identificar o executor, que confessou o crime e indicou os mandantes”, relatou.

09h33: Delegado continua a testemunhar

Em seu depoimento, o delegado Nilson André Farias de Oliveira detalhou o contexto emocional e a motivação que levaram ao crime, classificando o homicídio como um ato de vingança mal direcionado. “Era como se esse homicídio tivesse o condão de retirar a dor de uma mãe que havia perdido o filho”, afirmou o delegado, referindo-se à ré Jocilene Barreiro da Silva, mãe de um jovem assassinado dias antes do crime.

Segundo Farias, o filho de Jocilene, Vanderley, teria conduzido toda a execução do plano. O delegado destacou que a ação, ao invés de trazer algum tipo de alívio, gerou mais dor e atingiu pessoas inocentes.

09h40: Delegado compara a escolha da arma ao grau de responsabilidade dos envolvidos.

“Eles decretaram uma sentença de morte. Optaram por uma pistola 9 mm, uma arma com projétil de alta velocidade e grande poder de penetração. Quando Sílvio e Vanderley escolhem usar uma 9 mm em um local extremamente populoso, como o Shopping Popular, eles assumem o risco do resultado: aceitaram a possibilidade de atingir e matar qualquer pessoa que estivesse por perto", descreve Farias.

10h16: Defesa de Jocilene interpela a testemunha 

A defesa de Jocilene, mãe de Vanderley e uma das acusadas de ser mandante do crime, questiona o papel da cliente no crime.

O delegado Nilson Farias destaca a origem cigana da família e afirmou que, dentro dessa tradição, Jocilene exerce papel de liderança simbólica, mas não necessariamente operacional nas decisões.

O delegado confirma que, ao longo das investigações, identificou forte influência cultural e hierárquica nas relações familiares. “Na cultura cigana, ela é uma matriarca. As decisões passam primeiro por ela, há um respeito muito grande à figura feminina. Acredito que a principal participação dela foi dar o aval, o consentimento, mas não a execução direta dos atos. Ela tem o domínio sobre o que vai ou não acontecer”, explica o delegado.

10h34: Comportamento do executor

Ao ser questionado sobre a possibilidade de desistência de Sílvio em executar o homicídio, o delegado Nilson Farias afirma que essa hipótese pode ser observada nas imagens de segurança do Shopping Popular. “A movimentação do executor e as pausas registradas no vídeo mostram hesitação em alguns momentos. Mas, ao final, ele prossegue e realiza os disparos”, observa o delegado.

11h10 - Fim do depoimento do delegado 

O depoimento do delegado NIlson Farias foi encerrado após a testemunha ser interpelada pela acusação, defesa, jurados e juíza que conduz o Tribunal do Júri.

11h16: Segunda testemunha

O policial civil, Leonardo Fonseca Rech, que participou das investigações, começou a ser ouvido.11h25: Prisão do executor em Uberlândia (MG)O policial civil relata como ocorreu a prisão do executor Sílvio Júnior Peixoto, em Uberlândia (MG), após a identificação dos envolvidos no duplo homicídio.

Ele conta que a partir de um trabalho integrado de inteligência, foram notificados pela delegacia de Uberlândia informando que o investigado estaria retornando à cidade. “Quando chegamos, ele não estava mais no endereço inicial, mas seguia em deslocamento de volta”, explica o policial.

“Já tínhamos a informação sobre o veículo que ele utilizava, uma motocicleta. Próximo à residência da família, observamos o veículo parado e o suspeito nas proximidades. Realizamos a abordagem e efetuamos a prisão imediatamente”, relata Conceição.

11h29: Executor não resistiu à prisão e confessou o crime

Ainda durante o depoimento, o investigador relata que, no momento da prisão em Uberlândia (MG), o executor não resistiu à abordagem policial e confessou a autoria do duplo homicídio ocorrido no Shopping Popular de Cuiabá.

“Ao ser abordado, ele não ofereceu resistência. Questionado sobre o motivo da prisão, passou a colaborar com a equipe e confirmou sua participação no crime”, explica.

Conceição ainda conta que  Sílvio relatou que foi contratado para cometer o homicídio e que os mandantes teriam oferecido até R$ 10 mil para que ele viajasse até Cuiabá e executasse a ação.

De acordo com o policial, o acusado também mencionou que possuía dívidas relacionadas a drogas na cidade onde morava, o que teria motivado a aceitação da oferta.

11h39: Prisão dos mandantes em Campo Grande (MS)

O investigador descreve as diligências que resultaram na prisão dos mandantes Jocilene Barreiro da Silva e Vanderley Barreiro da Silva, mãe e filho, capturados em Campo Grande (MS) após o cumprimento de mandados expedidos pela Justiça de Mato Grosso.

Segundo o investigador, a investigação contou com o apoio da Polícia Civil sul-mato-grossense e o monitoramento do endereço da família. Conceição narra que os policiais encontraram várias armas de fogo na casa, o que para ele não é comum em uma casa com tantas crianças.

O policial diz que registraram resistência inicial por parte de Vanderley, que acabou detido junto da mãe.

12h00: Crime gerou insegurança

De acordo com Leonardo Fonseca Rech, o Shopping Popular é visto pela sociedade cuiabana como um lugar de passeio, inclusive é muito movimentado nas vésperas de natal.

Para ele, o crime gerou insegurança para os consumidores que frequentavam o local. Ele narra que a Polícia Civil foi pressionada para conseguir ter êxito na investigação e concluir com celeridade, e assim garantir que as pessoas voltassem a frequentar, entendendo que foi uma situação pontual.

12h03: Local do crime e trajeto da bala

O investigador Leonardo Fonseca Rech relata que o local do crime foi preservado assim que as equipes chegaram ao Shopping Popular de Cuiabá, garantindo a integridade das provas durante a perícia.

Em seu depoimento, ele detalha o trajeto dos disparos que vitimaram Gersino e Cleyton. Leonardo também destacou que as imagens das câmeras de segurança*revelaram um momento de grande risco: “Segundos antes do disparo que atingiu Cleyton, uma criança passou pelo corredor onde o crime ocorreu”, relatou, ressaltando a gravidade da ação em um local de grande movimento.

12h11: Defesa inicia o interrogatório da testemunha

Durante o interrogatório do investigador Leonardo Fonseca Rech, a defesa de Sílvio Júnior Peixoto questiona se alguma arma de fogo havia sido apreendida com o acusado no momento da prisão.

O investigador respondeu que nenhuma arma foi encontrada. Na sequência, as defesas de Vanderley e Jocilene Barreiro da Silva questionam o policial sobre a atuação de Sílvio nas investigações e se as confissões do réu haviam sido determinantes para a elucidação do caso.

“O caso chegaria a julgamento da mesma forma. A Polícia Civil não trabalha apenas com prova testemunhal, mas também com provas materiais”, afirmou o investigador.

Ao ser perguntado sobre o impacto das informações prestadas pelo executor, ele complementou: “Facilitou, mas não foi crucial”, resumiu.

12h37: Jurados iniciam perguntasEncerrados os questionamentos das defesas, o Conselho de Sentença passa a formular perguntas à testemunha.

12h39: Proprietário da caminhonete

Durante a resposta do questionamento dos jurados, o investigador menciona que Vanderley Barreiro atuava na compra e venda de veículos, e que teria adquirido a caminhonete S10 utilizada para dar fuga ao executor Sílvio Júnior Peixoto após o crime.

12h40: Depoimento encerrado e intervalo para almoço

Com o término das perguntas dos jurados, a juíza Mônica Catarina Perri Siqueira declarou encerrado o depoimento da testemunha e suspendeu a sessão para o intervalo do almoço.

13h37: Julgamento retomado 

A juíza Mônica Catarina Perri Siqueira declarou retomada a sessão de julgamento.

13h38: Terceira testemunha

A terceira pessoa a testemunhar é a esposa da vítima Cleyton de Oliveira de Souza Paulino. Ela narra ter tomado conhecimento da morte do marido por meio das notícias veiculadas à época do crime.

13h41: Sofrimento familiar

A viúva do vendedor Cleyton conta que o casal tem uma filha de seis anos, que é levada semanalmente para a terapia, pois sente muita falta do pai. “Para nossa família tem sido doloroso. ele saiu para trabalhar e não voltou”, disse em lágrimas.

13h44: Esposa de Cleyton presta depoimento

A esposa de Cleyton de Oliveira de Souza Paulino, uma das vítimas do duplo homicídio, afirmou não conhecer Gersino Rosa dos Santos, também morto no ataque. “Depois do homicídio, não saí mais de casa. Nunca pensei em passar por isso. O Cleyton era um homem de família, só saía para trabalhar. Até hoje, não recebi nada de ninguém”, declara. 

13h46: Depoimento encerrado

A testemunha foi interpelada apenas pelo Ministério Público, que conduziu breves questionamentos. O advogado de Sílvio Júnior Peixoto manifestou solidariedade à família da vítima, enquanto as demais partes informaram não haver perguntas. 

Com isso, a juíza Mônica Catarina Perri Siqueira declarou encerrado o depoimento e prosseguiu para a próxima fase da sessão do júri.

13h47 - Quarta testemunha 

A quarta pessoa a testemunhar é o irmão de Gersino Rosa, uma das vítimas do duplo homicídio. Ele conta que era proprietário de um estabelecimento no Shopping Popular e viu o irmão morto.

13h58:  Irmão de Gersino narra a cena do crime

Em seu depoimento, o irmão de Gersino Rosa dos Santos, uma das vítimas, relembra com emoção o momento em que chegou ao Shopping Popular de Cuiabá, logo após os disparos. “O local estava cheio de pessoas. Quando cheguei, vi meu irmão já caído no chão, coberto de sangue”, relata. 

Ele também comentou as imagens captadas pelas câmeras de segurança, que mostram o desespero das pessoas no corredor. “Na filmagem dá pra ver o Cleyton se assustando. Ele trabalhava na minha loja”, onde foi alvejado.

14h02: Irmão se emociona e pede justiça

Visivelmente abalado, o irmão de Gersino Rosa dos Santos chorou ao relembrar o crime e o impacto da perda para a família.“É muito difícil ter que ser forte e contar para a família. Peço por justiça, porque o que fizeram foi uma covardia”, declara, emocionado.

14h05: Defesa questiona dinâmica do crime

Durante a etapa de perguntas, as defesas dos réus questionaram o irmão da vítima sobre a possibilidade de o executor ter recebido ajuda direta de outras pessoas no momento dos disparos.

O depoente afirmou não ter presenciado a execução e baseou suas informações nas imagens obtidas pelas câmeras de segurança.

14h06 : Encerradas as testemunhas

Concluída a oitiva das testemunhas, a juíza Mônica Catarina Perri Siqueira declarou encerrada essa fase do julgamento e anunciou o início do interrogatório dos réus, que ocorrerá na sequência, sob os procedimentos previstos no rito do Tribunal do Júri.

14h17:  Iniciado o interrogatório dos réus

A sessão prossegue com o interrogatório de Sílvio Júnior Peixoto, apontado como executor dos disparos que resultaram nas mortes de Gersino Rosa dos Santos e Cleyton de Oliveira de Souza Paulino, no Shopping Popular de Cuiabá.

14h18: Silvio decide falar

Antes do início das perguntas, a magistrada informou ao réu sobre o direito constitucional ao silêncio, mas Sílvio optou por prestar depoimento. Ele disse que nunca tive envolvimento com nada criminoso e prestava serviços para Vanderley, um dos outros réus. Sílvio relatou que Vanderley teria feito contato oferecendo um ‘serviço’ e, ao comparecer ao encontro marcado para um almoço, teria percebido que o "serviço era pra matar alguém".

14h23: Executor relata ter aceitado o crime para quitar dívidaDurante o interrogatório, Sílvio Júnior Peixoto afirma que mantinha uma dívida de R$ 5 mil com Vanderley Barreiro da Silva, um dos réus apontados como mandante do crime. Segundo o réu, Vanderley teria proposto que ele executasse o homicídio para “morrer a dívida”.

Sílvio acrescenta que o dinheiro entregue por Vanderley após o crime não se tratava de pagamento, mas sim de recursos para que pudesse deixar a cidade.

14h27: Réu relata questionamento de Vanderley após o crime

Durante o interrogatório, Sílvio Júnior Peixoto descreveu uma conversa que teria ocorrido com Vanderley Barreiro da Silva após o crime.

Segundo o executor, Vanderley o teria questionado sobre o número de disparos efetuados contra a vítima. “Ele pegou o carregador da arma e me perguntou por que eu não descarreguei a arma no cara. Disse que queria que eu fizesse como o irmão dele havia feito, descarregando todos os tiros”, relata Sílvio.

O réu afirma ainda que Vanderley demonstrou insatisfação com a execução, dizendo que não considerava o crime concluído. “Ele falou que não tinha matado ele”, conta.

14h52: Silvio afirma que foi ameaçado para cometer o crime

Questionado se havia comunicado claramente a intenção de desistir, Silvio confirma, mas diz que foi ameaçado por Vanderley. “Sim. Todo tempo. Nunca imaginei passar por uma situação dessas. Mas ele disse que se não fizesse, quem ia morrer era eu”, declara.

15h31: Depósito de R$ 7,4 mil e áudios

Sílvio afirmou que havia combinado o homicídio, mas que nunca havia cometido nenhum outro crime, e que o fez por medo. Ele foi questionado se havia enviado áudios para Vanderley cobrando o pagamento pelo crime, mas respondeu que não se recordava. Ao ser questionado sobre o motivo de um depósito de R$ 7,4 mil feito em sua conta por um terceiro identificado como Arthur, declarou que se tratava do pagamento de uma motocicleta.

15h33: Réu se recusa a detalhar momento dos disparos

O réu foi questionado sobre quem entrou no shopping e efetuou os disparos. Ele respondeu: “Eu”. Ao ser perguntado quem atirou e acertou a vítima, Sílvio pediu à magistrada para não responder às perguntas, afirmando: “Acho desnecessário”. O interrogatório foi encerrado em seguida.

15h36:  A magistrada declara intervalo na sessão de julgamento.

15h53 – Sessão retomada

A sessão é retomada pela juíza Mônica Catarina Perri Siqueira. Inicia-se o depoimento de Vanderley Barreiro da Silva, de 32 anos. Questionado se deseja responder às perguntas, Vanderley afirma que responderá apenas às formuladas por sua defesa, que ressalta a importância de esclarecer os fatos.

A defesa pede que Vanderley explique como conheceu Sílvio, apontado como executor do crime. Ele relata que comentou com Sílvio sobre a morte de seu irmão e confessou que não tinha “coragem” para matar o responsável pelo crime.

Segundo Vanderley, Sílvio respondeu que ele teria coragem para fazê-lo. Emocionado, Vanderley afirma que era muito apegado ao irmão e que estava cansado de ver sua mãe sofrendo com a perda.

16h – Isenta a mãe do crime

Vanderley é questionado sobre como o crime foi combinado. Explica que pediu a Sílvio para vir para Cuiabá, mas que sua mãe resolveu vir junto. “Minha mãe veio mais eu, e na estrada veio conversando comigo para que eu não fizesse o crime.” Ele isenta a mãe e afirma que ela jamais tratou do assunto. “Lá em casa eu falei: deixa que eu vou resolver”, diz. “Minha mãe não tem nada a ver com isso. Eu tratei com ele.”

16h09 – Conversa antes do crime

O advogado relata que, após chegarem a Cuiabá, Vanderley mostrou-se pensativo e demonstrou não querer mais a execução. Mesmo assim, ambos seguiram até o Shopping Popular. Lá, Sílvio desceu do carro e afirmou que iria cometer o crime.

O defensor pergunta se Vanderley trocou mensagens com Sílvio momentos antes do homicídio. Ele responde que enviou apenas uma mensagem pedindo para que o ato não fosse cometido, mas não recebeu resposta.

Na sequência, conta que recebeu uma ligação em que Sílvio informou o que havia acontecido.“Eu falei que não iria pagar. ‘Tu não é homem’, ele disse, e começou a me ameaçar”, relatou Vanderley.

Ele negou ter feito qualquer depósito para Silvio e disse não ter mantido mais contato com o executor. Reiterou ainda que tinha certeza de que a vítima havia, de fato, matado seu irmão.

16h15 – Papel da mulher e detalhes sobre o contato com Sílvio

Vanderley é questionado sobre qual é o papel da mulher na cultura cigana. Ele responde que o homem ocupa a posição de liderança, mas reforça que a mulher é a principal responsável por cuidar “mais da casa”.

Afirma ainda que era o “cabeça” da família.Indagado sobre como agiria hoje diante da mesma situação, Vanderley cita que agiria diferente. Na sequência,  relata que, quando fez o primeiro contato com Sílvio, este estava em Uberlândia, enquanto ele se encontrava em Campo Grande. Reitera que, durante a ligação, Sílvio disse que tinha coragem de cometer o crime.

Vanderley afirma que não pagou pelo homicídio, mas enviou dinheiro apenas para que Sílvio pudesse viajar e encontrá-lo. Ressalta também que Sílvio não tinha nenhuma dívida com ele.

Mais uma vez, a defesa enfatiza que a mãe de Vanderley tentou intervir para que o crime não fosse cometido.O interrogatório é encerrado em seguida.

16h23 – Jocilene Barreiro opta pelo silêncio

Tem início a oitiva de Jocilene Barreiro, apontada como mandante do crime. Ao ser questionada pela magistrada Mônica Catarina Perri Siqueira, Jocilene demonstra confusão e diz não saber sua idade nem a data de nascimento.Relata que morava no Maranhão, mas não se recorda por quanto tempo, assim como não consegue precisar o período em que viveu em Campo Grande.

A magistrada a informa sobre o direito de permanecer em silêncio, sem que isso lhe cause qualquer prejuízo. Diante disso, Jocilene se emociona, começa a chorar e afirma que não deseja prestar depoimento.O interrogatório é encerrado em seguida. Na sequência, será iniciada a etapa de debates.

16h30 – Início da fase de debates

Tem início a etapa de debates. O Ministério Público abre as sustentações orais e terá duas horas e trinta minutos para apresentar seus argumentos.

Na sequência, os advogados de defesa disporão de uma hora cada para expor suas teses e contrapor as acusações.

16h37 – Promotora presta condolências e inicia a sustentação oral

A promotora inicia sua fala apresentando condolências à família das vítimas. “Vou mostrar as provas, o entendimento e esclarecer aos senhores a melhor forma de justiça”, afirma.

Ela prossegue: “Nossas vítimas, Gersino e Cleyton, foram julgadas. Na verdade, Gersino foi julgado e condenado em 15 dias. Já Cleyton foi sentenciado à pena de morte.”

Em tom firme, destaca: “Os três aqui mataram e estão na cadeia. Estão tendo direito a advogados — vários, inclusive —, mas o mais importante é que estão vivos. E, mesmo que sejam condenados hoje, continuarão vivos.”

Na sequência, a promotora exibe no telão imagens das vítimas. Aponta que Gersino, de 49 anos, era pai de um menino e de uma menina. Em seguida, mostra a foto de Cleyton, de 27 anos, esposo de Adriane e pai de uma menina de seis anos. Ele trabalhava como vendedor.

16h45 – Promotora relembra o assassinato do irmão de Vanderley

A promotora passa a detalhar o assassinato de Girley Silva Filho (Maranhão), irmão de Vanderley, ocorrido em novembro de 2023.

Ela relembra que a morte aconteceu 15 dias antes das execuções de Gersino e Cleyton. “Quando alguém morre, qual é a primeira providência da família?. Procurar a polícia. A família não se conforma”, afirma.

Ela explica que, após a instauração do inquérito, em 1º de dezembro de 2023, o relatório da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) registrou contato com o irmão da vítima. “Vanderley, por telefone, disse que não tinha interesse na investigação  e desligou”, narra a promotora.

Segundo ela, a investigação relativa a morte de Maranhão não avançou porque a família decidiu fazer justiça com as próprias mãos. “Investigou, processou e condenou à pena de morte”, conclui.

16h58 – Promotora Élide Manzini confronta versão de Vanderley

A promotora de Justiça Élide Manzini de Campos afirma que Vanderley ofereceu R$ 10 mil a Sílvio para que cometesse o crime.“Como tudo começou?”, questiona, ao relembrar que Vanderley e Sílvio se conheceram em Uberlândia, durante negociações de veículos.

Segundo a promotora, após a morte do irmão, Vanderley telefonou para Sílvio e encomendou o crime, proposta que foi aceita.Ela explica que Sílvio viajou de ônibus até Campo Grande, no dia 22 de novembro, com as passagens pagas por Vanderley via Pix.

Em seguida, exibe dois comprovantes de transferência, que somam R$ 329, destacando que os documentos constam nos autos do processo.Em tom incisivo, a promotora questiona: “Será que o senhor acha que os jurados são burros?. Vieram os três de Campo Grande para Cuiabá, e ele ficou ligando, depois,  e pedindo para não matar Gersino?”.

Nesse momento, a defesa de Vanderley intervém, afirmando que era necessário “mostrar a verdade dos fatos”.

17h03 – Promotora reconstrói a cena do crime

O Ministério Público relembra os detalhes do momento dos assassinatos e descreve que Sílvio se aproximou pelas costas e efetuou dois disparos contra Gersino Rosa.

A promotora narra que, nos corredores estreitos do Shopping Popular, o atirador acertou um tiro na região cervical, com bala de 9 milímetros que transfixou o corpo e atingiu ainda a região malar (rosto) da vítima Cleyton, que estava em sua frente.

Após os disparos, as vítimas caíram e os executores fugiram. Na sequência, a promotora exibe as imagens captadas pelas câmeras de segurança, que registraram o momento da execução. Ela pede desculpas à família das vítimas, mas ressalta a importância de reviver os fatos durante o julgamento. “Quero colocar os jurados na cena do crime”, afirma.

17h18 – Promotora apresenta provas e reforça a participação de todos no crime

Na sequência, a promotora descreve a rota de fuga dos envolvidos e exibe uma foto extraída do celular de Vanderley, em que ele e Sílvio aparecem sorrindo e fazendo uma selfie menos de três horas após os assassinatos.

“Essa feição denota que ele estava muito triste e infeliz”, diz, em tom de ironia, sugerindo que os jurados observem atentamente as imagens. “Eu disse que a versão de Vanderley era para dar risada. Isso depois do crime… é porque ele tinha sido coagido?”, questiona.

Em seguida, a promotora passa a detalhar o dolo de cada um dos réus, argumentando que Jocilene não é inocente. “Ela não é”, reforça.Para explicar a corresponsabilidade, utiliza uma analogia: “Quando alguém morre atropelado durante um racha, todo mundo responde pela morte?. É só o motorista o culpado?. Não. Então quero deixar claro que entendam: várias pessoas participam, e uma atropela. A pessoa sozinha não comete o crime. A ação criminosa aqui foi do Sílvio, mas a vontade de vingança foi maior. Se Vanderley e Jocilene não tivessem feito parte da ação criminosa, que foi arquitetada, não responderiam? É um time”, conclui.

17h33 – Promotora apresenta áudios e reforça participação de Jocilene e Vanderley

“Eu queria ser uma mosca para ver a cara da dona Jocilene. As provas mostram que ela fez, sim. No Direito, não temos matemática, senão seria impossível”, afirma a promotora, ao destacar a clareza das evidências reunidas no processo. Na sequência, ela exibe transcrições de áudios.

Um deles, gravado no dia 23 de novembro, data do crime, mostra Vanderley chamando um interlocutor de “compadre”, às 10h59. Pouco depois, às 13h53, ao compadre, ele afirma que estavam indo embora e descreve que “o tiro foi bem de perto”.

“Ele demonstra ciência do crime”, destaca a promotora. Ainda no mesmo dia, segundo a transcrição, Vanderley enviou uma mensagem de áudio após as 20h, dizendo ao amigo que ‘Gersino não iria comer mais arroz com feijão’.

17h45 – Promotoria descreve participação de Jocilene no crime e aponta motivação por vingançaDelineando a conduta de Jocilene, o Ministério Público afirmou:

“A maldade não tem idade. Não tem rosto. As investigações deixam clara a conduta dela. Ela estava a todo momento questionando se iria dar certo. A gente não se atenta a uma mãe dolorida.”

O MP destacou que Jocilene chegou a aparecer em uma selfie e, posteriormente, apresentou transcrições de mensagens nas quais ela fala sobre vingança: “O que ele fez com meu filho, pagou.”Na sequência, a promotora exibiu um áudio da acusada.

7h54 - Ministério Público detalha a participação de Sílvio Júnior e rebate versão de coação

O Ministério Público passou a esmiuçar a conduta de Sílvio Júnior Peixoto, que confessou o crime de execução. A promotoria lembrou que ele foi contratado por R$ 10 mil e rebateu a alegação de que teria sido coagido por Vanderley. “Foi mediante pagamento, sim. Vieram juntos para Cuiabá. Ele veio porque iria receber. Aqui, a motivação ficou clara.”

Em seguida, o MP apresentou um relatório extraído do celular de Sílvio, onde há uma foto de uma arma, e leu a transcrição de uma conversa em que ele afirma a um amigo ter “matado dois” e que estava sentindo remorso.

18h05 – Ministério Público detalha qualificadoras e papel de cada acusado

O Ministério Público passou a descrever as qualificadoras atribuídas aos três acusados.Segundo a promotoria, Sílvio cometeu o crime mediante pagamento, tendo recebido pelo homicídio.No caso de Vanderley e Jocilene, o MP apontou o motivo torpe, caracterizado pela sede de vingança. “Eles fizeram um verdadeiro tribunal do crime”, afirmou a promotora.

Outra qualificadora destacada foi o perigo comum, já que o crime ocorreu pouco antes do Natal, dentro de um shopping popular, local movimentado, o que colocou em risco a vida de várias pessoas.

Também foi apontado o recurso que dificultou a defesa das vítimas: Gersino foi executado pelas costas, enquanto Cleyton não teve qualquer chance de reação. A promotoria ainda reforçou o concurso de pessoas, explicando que o crime foi planejado e executado em conjunto, com Jocilene e Vanderley como autores intelectuais e Sílvio como executor.

Destacou-se a pluralidade de agentes e condutas, em que os três promoveram o resultado criminoso. O MP citou também o concurso formal, considerando o risco de exposição de terceiros, já que o crime ocorreu dentro de um centro de compras, e enfatizou que Cleyton foi a vítima executada com uma pistola 9 mm.

18h20 – Ministério Público pede condenação dos três acusados

O Ministério Público solicitou a condenação dos três réus com todas as qualificadoras, destacando a audácia e a elaboração do crime.

A promotora lembrou o perigo a terceiros, como o caso de uma criança que passou pelo local no momento do homicídio. “Que a família aqui tenha sua resposta, que dona Jucira e senhor Gersino, pais de Gersino tenham justiça. O palco aqui é de vítima. Eles foram acusados, processados e mortos em 15 dias. Eu sei o trauma que é. Sei que o senhor não consegue passar em frente ao Shopping Popular, um lugar que era a fonte de renda da família. Encerro deixando a lembrança das fotos de Gersino com seus familiares.”

18h25 - Pausa de dez minutos 

Após o encerramento da sustentação oral do MPE, a magistrada concedeu dez minutos de suspensão da sessão.

18h50 -  A Defesa de Silvio começou a sustentação oral.

Após os debates das Defesas do réus está prevista a pausa para o jantar e, depois, a suspensão do julgamento, com retorno amanhã (13), às 9h.