A Operação Cenário Montado Gyn, deflagrada na manhã desta terça-feira (16) pela Polícia Civil, prendeu sete pessoas, entre empresários, servidores públicos e funcionários de empresas, suspeitas de integrar um esquema estruturado de fraudes em licitações públicas que teria causado prejuízos milionários à Prefeitura de Barra do Garças.
Foram presos Adenir Pinto da Silva, Lucimar Teixeira da Silva, Rodrigo Mendes Moreira, Luciana Costa da Silva, Tayara Félix Alves Cardoso, Paulo Henrique de Freitas Pinto e Elcio Mendes da Silva.
Além das prisões preventivas, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados e nas empresas Tay Comércio e Serviços Ltda e Signus Estruturas e Eventos Ltda.
As ordens judiciais foram expedidas pelo juiz Marcelo Sousa Melo Bento de Resende, da 2ª Vara Criminal de Barra do Garças, e executadas em Barra do Garças, Goiânia, Aragoiânia e Aparecida de Goiânia.
De acordo com a Polícia Civil, o grupo atuava de forma estruturada para fraudar processos licitatórios, com indícios de superfaturamento, direcionamento de certames, uso de empresas de fachada, corrupção e associação criminosa.
As investigações indicam que contratos relacionados à produção de eventos e shows eram usados como base para a fraude, por meio de atas de registro de preços que depois eram replicadas por outros municípios, via adesões conhecidas como “caronas”.
Conforme a decisão judicial, o advogado Adenir Pinto da Silva é apontado como o líder do esquema, sendo responsável por operar empresas usadas na prestação irregular de serviços, mesmo após sanções judiciais. Ele também é acusado de intimidar servidores públicos para cobrar valores supostamente devidos.
O empresário Paulo Henrique de Freitas Pinto, filho de Adenir, aparece como representante da empresa Signus Estruturas e Eventos Ltda, que teria sido criada para manter as atividades ilícitas após punições impostas a outras empresas do grupo.
Já Lucimar Teixeira da Silva é citado como o articulador operacional e documental do esquema, gerenciando informalmente a empresa Tay Comércio e promovendo subcontratações irregulares. Sua esposa, Tayara Félix Alves Cardoso, figura como proprietária formal da empresa e, segundo a polícia, atuava como “testa de ferro”.
Rodrigo Mendes Moreira, funcionário do casal, é investigado por representar a empresa Tay na coordenação e fiscalização de serviços subcontratados.
Entre os servidores públicos, Luciana Costa da Silva, da Secretaria Municipal de Turismo, é apontada como facilitadora das irregularidades, com suspeita de produção de documentos falsos e pressão sobre fiscais para assinarem relatórios divergentes da realidade. Elcio Mendes da Silva, servidor comissionado, é investigado por intermediar a captação de recursos públicos para eventos e por tentar influenciar testemunhas. Ambos foram afastados das funções públicas
No total, a operação cumpriu 30 ordens judiciais, incluindo quebras de sigilo bancário, telefônico e telemático, suspensão das atividades econômicas das empresas investigadas e sequestro de mais de R$ 4,2 milhões.
Somente em três pregões analisados no município de Pontal do Araguaia, os contratos alcançaram cerca de R$ 25,8 milhões, com possibilidade de adesões que poderiam elevar o montante a R$ 51,7 milhões. Laudos técnicos apontaram superfaturamento de até 372% em itens como palcos, iluminação, geradores, telões de LED e estruturas para eventos.