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Justiça nega pedido de desaforamento e PM será julgado em Cuiabá por tentativa de homicídio

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Justiça nega pedido de desaforamento e PM será julgado em Cuiabá por tentativa de homicídio
Julgamento por tentativa de assassinato será na próxima semana

Conteúdo/ODOC - A desembargadora Juanita Cruz da Silva Clait Duarte, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), negou o pedido de desaforamento feito pela defesa do policial militar Ricker Maximiano de Moraes, acusado de tentar matar um adolescente de 17 anos em 2018. Com isso, o julgamento por júri popular está mantido para o dia 8 de julho, em Cuiabá.

No pedido, os advogados alegaram que o PM estaria sofrendo “linchamento virtual” devido à recente repercussão de outro crime — o assassinato da esposa, ocorrido em maio deste ano — o que, segundo a defesa, comprometeria a imparcialidade dos jurados.

A desembargadora, no entanto, entendeu que não há provas suficientes de que o julgamento em Cuiabá será parcial. Ela destacou que a cidade, com mais de 650 mil habitantes, está habituada a casos de grande repercussão, como homicídios e feminicídios.

“Não se vislumbra, ao menos por ora, estado excepcional de comoção capaz de, por si só, contaminar a imparcialidade do julgamento”, escreveu.

Juanita também frisou que o desaforamento é uma medida excepcional, que só pode ser concedida quando há indícios concretos de que os jurados estão parcializados, o que não ficou demonstrado.

“O simples descontentamento da defesa com a repercussão ou matérias jornalísticas não justifica, por si só, a mudança do local do julgamento”, completou.

O caso de 2018

Segundo denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), o crime ocorreu em 23 de junho de 2018, na rua General Carneiro, em Cuiabá. Ricker teria se irritado ao ver o adolescente e três amigos passando e rindo perto de uma discussão que ele mantinha com a namorada.

O PM teria abordado o grupo dizendo: “O que vocês estão rindo? Vaza, vaza!”, e, em seguida, sacado uma arma e corrido atrás dos jovens. Durante a fuga, o adolescente foi atingido por um tiro nas nádegas, disparado pelas costas.

A vítima precisou passar por cirurgia e, devido aos danos permanentes, usa uma sonda para urinar. Ricker foi denunciado por tentativa de homicídio qualificado, por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Feminicídio

A defesa alegou parcialidade do júri também por conta da repercussão de outro crime cometido por Ricker: o assassinato da esposa, Gabrieli Daniel de Souza, de 31 anos, no dia 25 de maio deste ano.

Gabrieli foi morta com três tiros de pistola calibre .40 dentro da cozinha de casa, no bairro Praeirinho, em Cuiabá. O crime foi cometido na frente dos dois filhos do casal, de 3 e 5 anos.

Após o feminicídio, o PM fugiu levando as crianças no carro da família, um Volkswagen Fox. Ele as deixou na casa do pai, junto com a arma e o veículo, e se entregou horas depois à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde foi preso em flagrante.