SAÍDA LIBERADA

Justiça Eleitoral autoriza desfiliação do PL e Chico 2000 estuda ingresso em novo partido

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Justiça Eleitoral autoriza desfiliação do PL e Chico 2000  estuda ingresso em novo partido
Vereador não corre risco de perder mandato com saída da sigla

Conteúdo/ODOC - O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) aprovou, por unanimidade, a desfiliação do vereador de Cuiabá, Francisco Carlos Amorim Silveira, o Chico 2000, do Partido Liberal (PL). A decisão foi tomada nesta segunda-feira (10), com base no voto do juiz relator Edson Dias Reis.

O processo foi analisado após manifestação favorável da Procuradoria Regional Eleitoral, que endossou o pedido de Chico 2000. A ação, de justificação de desfiliação partidária, foi protocolada em setembro e tinha como objetivo garantir a saída do parlamentar da legenda sem a perda do mandato.

Segundo o advogado e presidente municipal do MDB, Francisco Faiad, o vereador já foi convidado a ingressar no partido. “O Ministério Público Eleitoral já emitiu parecer favorável à desfiliação. Fiz o convite para que ele venha para o MDB, mas ainda não recebi resposta”, declarou.

Chico 2000 justificou o pedido afirmando ter sofrido “grave discriminação pessoal” dentro do PL, especialmente por parte do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini, seu correligionário à época. O rompimento político entre os dois teve origem nas acusações feitas por Abilio em 2020, quando ainda era deputado federal, de que o então presidente da Câmara Municipal estaria envolvido em um suposto esquema de propina — fato que desencadeou a Operação Perfídia.

Na operação, deflagrada pela Polícia Civil, Chico 2000 e o vereador Sargento Joelson (PSB) foram afastados temporariamente dos cargos sob suspeita de favorecer a construtora HB20 em contratos de obras na Avenida Contorno Leste, em Cuiabá. As investigações apontam que cerca de R$ 250 mil teriam sido repassados indevidamente à dupla, parte em espécie e parte via transferência bancária.

De acordo com a apuração, o montante teria sido intermediado pelo empresário José Márcio da Silva Cunha e articulado por João Jorge Souza Catalan Mesquita, funcionário da construtora. O objetivo seria garantir apoio político para a liberação de certidões fiscais e pagamentos referentes às obras.

Trechos de conversas interceptadas pela polícia indicam que Joelson chegou a citar Chico 2000 durante reclamações sobre as tratativas do suposto esquema. Apesar do afastamento inicial determinado pela Justiça, ambos os vereadores retornaram ao cargo em setembro, após decisão favorável do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).

O desentendimento entre Chico e o PL, no entanto, já vinha se arrastando desde as eleições internas da Câmara, em 2020, quando ele disputou a presidência da Casa. Diante do clima de insatisfação e isolamento dentro do partido, o vereador decidiu recorrer à Justiça Eleitoral para oficializar sua saída.

A direção nacional do PL, comandada por Valdemar da Costa Neto, e o diretório estadual, presidido por Ananias Filho, já haviam reconhecido a desvinculação de Chico 2000 da sigla antes mesmo do julgamento desta segunda-feira.