OPERAÇÃO RAGNATELA

Justiça condena líderes do CV, promoters e outros por esquema com casas de shows em Cuiabá

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Justiça condena líderes do CV, promoters e outros por esquema com casas de shows em Cuiabá
A Operação Ragnatela foi conduzida pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado há um ano

Conteúdo/ODOC - O juiz Jean Garcia de Freitas, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, condenou oito investigados da Operação Ragnatela pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.

Deflagrada em junho de 2024, a operação desarticulou um esquema do Comando Vermelho, que lavava dinheiro por meio da compra de casas noturnas e da realização de shows em Cuiabá. A sentença foi publicada nesta segunda-feira (18).

Foram condenados os líderes da facção Joadir Alves Gonçalves, o “Jogador” ou “Véio” (12 anos e 10 meses de prisão, regime fechado), Joanilson de Lima Oliveira, o “Japão” (5 anos e 6 meses, fechado) e Willian Aparecido da Costa Pereira, o “Gordão” (14 anos e 1 mês, fechado).

Também receberam penas os promotores de eventos e ex-servidores da Câmara de Cuiabá Rodrigo de Souza Leal (10 anos e 9 meses, fechado) e Elzyo Jardel Xavier Pires (10 anos e 2 meses, fechado), a contadora Kamilla Beretta Bertoni (7 anos e 6 meses, semiaberto), o empresário do ramo farmacêutico Agner Luiz Pereira de Oliveira (10 anos e 2 meses, fechado) e o jogador de futebol João Lennon Arruda de Souza (3 anos e 6 meses, fechado).

Dos oito condenados, apenas Joadir, Joanilson e Willian “Gordão” permanecerão presos, enquanto os demais poderão recorrer em liberdade.

Já Ana Cristina Brauna Freitas, Matheus Arajo Barbosa, Rafael Piaia Pael, Wilson Carlos da Costa, Lauriano Sai Gomes da Cruz e Clawilson Almeida Lacava foram absolvidos por falta de provas.

Na decisão, o juiz destacou que o Comando Vermelho é uma organização criminosa nacionalmente estruturada, com ramificações em diversos estados e envolvimento em crimes como tráfico de drogas, homicídios, extorsões e torturas.

Segundo ele, além da ligação direta com a facção, o caso revelou a criação de uma organização criminosa paralela, estruturada para dar aparência de legalidade à lavagem de dinheiro por meio de casas noturnas e shows, com divisão de tarefas e movimentação de grandes quantias ilícitas.

O magistrado também manteve a prisão de parte dos réus, argumentando que há risco de continuidade dos crimes e forte vínculo deles com o crime organizado.

“Todo este quadro impõe a necessidade da cessação da atividade criminosa e o fortalecimento do controle estatal nas regiões afetadas”, escreveu.

A Operação Ragnatela foi conduzida pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar.

As investigações apontaram que Joadir, o “Jogador”, usava recursos do tráfico para comprar casas noturnas, como o antigo Dallas Bar, e investir em shows nacionais.

O dinheiro era repassado a Willian “Gordão”, dono do local, que por sua vez transferia parte dos valores aos promotores de eventos Rodrigo Leal e Jardel Pires.

Em setembro de 2024, a FICCO deflagrou a segunda fase da operação, batizada de Pubblicare, que teve como alvo o ex-vereador de Cuiabá Paulo Henrique, acusado de facilitar a concessão de licenças para os shows em troca de vantagens financeiras.