Conteúdo/ODOC - O juiz Francisco Ney Gaíva, da 14ª Vara Criminal de Cuiabá, acatou o aditamento do Ministério Público Estadual (MPE) à denúncia que investiga o assassinato do advogado Renato Gomes Nery e tornou réus os empresários Julinere Goulart Bentos e Cesar Jorge Sechi.
Segundo o MPE, novas diligências reuniram provas robustas da participação direta do casal no homicídio. Julinere teria sido a mandante intelectual do crime, motivada por vingança, enquanto Sechi teria financiado a execução. O crime estaria relacionado à disputa pela posse de uma área rural avaliada em mais de R$ 30 milhões, localizada em Novo São Joaquim (MT), que foi transferida a Nery como pagamento por honorários advocatícios após décadas de atuação jurídica.
Com a decisão, o casal responderá por homicídio qualificado — motivo torpe, meio que gerou perigo comum e recurso que dificultou a defesa da vítima —, com agravante pelo fato de a vítima ser idosa, além do crime de associação criminosa. Ambos estão presos preventivamente.
O aditamento também retifica a denúncia contra o policial militar Ícaro Nathan Santos Ferreira, que já figurava como acusado no processo. O juiz destacou que as alterações são substanciais e determinou a citação pessoal dos novos réus, além da intimação de todos os envolvidos e seus advogados para manifestação sobre as mudanças na acusação.
Além do casal, também viraram réus policiais militares da Rotam acusados de simular um confronto para forjar o local de apreensão da arma usada no crime. São eles: Leandro Cardoso, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Jorge Rodrigo Martins. Eles vão responder por homicídio qualificado, duas tentativas de homicídio, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo.
Heron Vieira, apontado como articulador do assassinato, e o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, autor dos disparos, também respondem por homicídio triplamente qualificado — por motivo torpe, paga ou promessa de recompensa, e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Os policiais Jackson Barbosa e Ícaro Nathan respondem pelo mesmo crime, com agravantes semelhantes: promessa de recompensa, perigo comum e recurso que dificultou a reação da vítima.
Relembro o crime
Renato Nery, ex-presidente da OAB-MT, foi baleado na cabeça no dia 5 de julho de 2024, ao chegar em seu escritório, na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá.
Ele chegou a ser socorrido com vida e passou por cirurgias no Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.