A juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, negou pedido exceção de suspeição apresentada pela defesa do investigador da Polícia Civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, réu por homicídio, e decidiu manter-se à frente do Tribunal do Júri. Apesar disso, a magistrada adiou a retomada do julgamento para 12 de maio de 2026.
A decisão foi proferida na terça-feira (16), após um episódio de tensão ocorrido na segunda-feira (15), durante a abertura do júri. Na ocasião, houve uma discussão entre a juíza e os advogados de defesa, que chegaram a ser retirados do Fórum de Cuiabá. O episódio motivou mobilização da OAB-MT, que alegou violação de prerrogativas da advocacia.
Na exceção de suspeição, a defesa sustentou suposto protagonismo judicial excessivo, quebra da paridade de armas, desprestígio público da defesa e desrespeito institucional à advocacia e à OAB.
Segundo Mônica Perri, não houve parcialidade, mas sim atuação regular da magistratura para garantir a condução adequada do julgamento. Ela afirmou que interveio durante a oitiva de testemunhas ao identificar tentativas da defesa de induzir respostas sobre fatos relevantes.
“A afirmação de que esta magistrada teria formulado perguntas em tom acusatório ou antecipado juízo de valor não encontra respaldo na realidade dos fatos. As perguntas complementares feitas pelo juízo têm finalidade exclusivamente elucidativa”, afirmou.
A juíza também afastou a existência de manifestações ofensivas, destacando que suas intervenções se limitaram ao controle da ordem e da disciplina em plenário.
“Eventuais apartes feitos em momentos de acirramento processual não tiveram cunho pessoal ou ofensivo, mas buscaram restabelecer o equilíbrio e a serenidade indispensáveis ao julgamento popular”, completou.
Diante dos fatos ocorridos em plenário, a magistrada informou que já havia dissolvido o Conselho de Sentença, com a convocação de novos jurados. O julgamento, que teria continuidade nesta quarta-feira (17), acabou sendo redesignado após pedido do Ministério Público, em razão da juntada de novos documentos, solicitação acolhida pelo juízo.
Ainda a pedido do MPE, a juíza determinou a recolocação da tornozeleira eletrônica no réu.
O crime
Mário Wilson é acusado de matar a tiros o policial militar Thiago de Souza Ruiz, em abril de 2023, em uma conveniência de posto de combustível nas proximidades da Praça 8 de Abril, em Cuiabá.
Conforme as investigações, a vítima chegou ao local com um amigo durante a madrugada. Pouco depois, o investigador civil também chegou e foi apresentado ao policial. Imagens de câmeras de segurança mostram os dois conversando momentos antes do crime.
Em determinado momento, o policial militar teria exibido a arma que portava na cintura. Na sequência, Mário Wilson teria se apoderado do revólver e efetuado os disparos que resultaram na morte de Thiago Ruiz.