Após dois meses de intenso trabalho, dedicação e preparação, foi encerrado com sucesso o circuito de debates do projeto Juventude em Pauta: Maioridade Penal em Debate, que contou com a participação de mais de 250 estudantes dos cursos técnicos-integrados de Informática, de Secretariado, de Eventos e de Edificações.
O projeto, que se consolidou como uma proposta de formação cidadã, promoveu quatro dias de debates argumentativos sobre a redução da maioridade penal, oferecendo aos alunos uma experiência de escuta, pesquisa e protagonismo. Ao longo das discussões, em três dos quatro dias de debate, prevaleceu a defesa contrária à redução da maioridade penal. Em uma das turmas, a tese favorável à redução foi a escolhida pelos jurados, demonstrando equilíbrio e maturidade nas argumentações apresentadas.
Durante a preparação, os alunos realizaram entrevistas com políticos das esferas municipal, estadual e federal, bem como com membros do Judiciário, do Ministério Público, profissionais da saúde como psiquiatras e representantes de movimentos sociais. O trabalho de pesquisa foi profundo, criterioso e reconhecido pelos jurados, que destacaram a qualidade das fontes e dados apresentados.
Ao longo dos quatro dias de atividades, autoridades também passaram pela instituição para saudar os alunos e desejar um bom debate. Estiveram presentes o Secretário de Estado de Educação de Mato Grosso, Alan Porto; o ex-governador do Estado e ex-senador, Pedro Taques; os vereadores por Cuiabá, Daniel Monteiro, Mário Nadaf e Ranalli; a deputada estadual Professora Graciele e o deputado federal Coronel Assis.
Destacamos ainda que o projeto foi reconhecido oficialmente pela Câmara Municipal de Cuiabá, indicado pelo Vereador Mário Nadaf, com a aprovação de uma moção de aplausos à professora doutora Christiany Fonseca, em nome do projeto Juventude em Pauta: Maioridade Penal em Debate, homenagem esta estendida a todos os alunos que integraram e construíram esse importante trabalho.
O projeto, agora institucionalizado pelo IFMT, ganhou destaque em sites, programas de TV e emissoras de rádio, consolidando-se como uma prática pedagógica de impacto, dentro e fora da escola.
Para a aluna Letícia Teles de Oliveira, aluna do 2º ano B de Informática: “Chegamos ao fim de um projeto que marcou nosso desenvolvimento estudantil e nos fez perceber a importância de exercer a cidadania. Ele despertou nosso interesse pela política, pela participação social e nos fez entender que nossa voz importa. O debate nos instigou a buscar conhecimento. Antes, tratávamos a pauta de forma superficial, mas hoje conseguimos sustentar nossos argumentos com base em dados concretos e embasamento científico. Isso se deve, inclusive, às entrevistas com autoridades que nos inspiraram ao longo do processo. Durante o debate, nossa turma defendeu inicialmente um posicionamento totalmente favorável à redução da maioridade penal em todos os casos. No entanto, com as pesquisas e reflexões ao longo do projeto, percebi que minha opinião se transformou. Hoje, acredito que, se houver redução, que seja apenas para casos graves, pois nessas situações já existe discernimento moral, como reconhece o próprio ECA. A proposta não busca punir mais, mas punir de forma justa e proporcional. Mesmo que o posicionamento favorável não tenha sido o mais acolhido, evoluímos muito. Aprendemos que o debate não é sobre vencer, mas crescer juntos. Por fim, esse projeto foi extremamente valioso. Nos deu experiências únicas e aprofundou nosso entendimento sobre um tema que nos afeta diretamente. Hoje, sabemos argumentar com responsabilidade, base e consciência.”
Já para o aluno Emanoel Júnior Ferreira Santos, do 2º ano A de Informática: “O Debate sobre a redução da maioridade penal foi muito mais do que um simples projeto escolar. Foi quando a turma se uniu como nunca antes. E essa união foi essencial para a vitória. Pela primeira vez, sentimos que lutávamos por algo maior que nós: por justiça, reflexão e uma sociedade mais consciente. E vencemos juntos. No início, eu era a favor da redução da maioridade penal. Mas, com as entrevistas, os dados sobre reincidência e os estudos da neurociência, que mostram que o córtex pré-frontal só atinge plena maturidade por volta dos 25 anos, passei a compreender melhor o tema. Esse processo me fez mudar de posição e hoje sou contra a redução da maioridade penal no Brasil. Ao longo de dois meses, debatemos, lemos, entrevistamos e refletimos muito. Crescemos como estudantes, cidadãos e equipe, exercitando o pensamento crítico e o respeito à diversidade de ideias. Parabenizo todos os colegas envolvidos, que tornaram essa experiência tão significativa. Hoje, com o projeto concluído, o que fica é gratidão e a expectativa por novas iniciativas da Professora Dra. Christiany Fonseca. Mais do que uma disputa, vivemos um verdadeiro exercício de escuta, empatia e cidadania.”
“Encerramos esse circuito com muito orgulho. Se acreditamos que a educação forma para a cidadania, é preciso reconhecer que esses estudantes, entre 16 e 17 anos, hoje têm um posicionamento mais sólido diante de uma proposta que incide diretamente sobre eles. E já estamos pensando no próximo projeto, que será realizado em alusão ao Setembro Amarelo e terá como tema: ‘Juventude em pauta: Sua Vida Importa, buscando dialogar com questões urgentes que atravessam a juventude atual.” Finalizou a professora Dra. Christiany Fonseca, idealizadora do projeto.
