Conteúdo/ODOC - O jovem Lucas França Rodrigues, 22 anos, preso pelo assassinato da fonoaudióloga Ana Paula Abreu Carneiro de Oliveira, 33 anos, em Sinop (a 503 km de Cuiabá), passará por exame de sanidade mental após interrogatório realizado nesta terça-feira (26).
Ele afirmou à Polícia Civil que estudava escatologia, doutrina teológica que aborda o fim dos tempos, e que a vítima não aceitava seu envolvimento com o tema, o que teria provocado uma discussão no dia anterior ao crime.
A delegada responsável pelo caso, Renata Evangelista, relatou que o suspeito chegou a mencionar intenção de se matar após atacar a companheira. “Ele disse que colocou a faca no pescoço e ingeriu um coquetel, mas não concluiu a ação”, afirmou. Durante o depoimento, Rodrigues se manteve cabisbaixo, mas sem demonstrar arrependimento. Questionado sobre as três facas apreendidas na cena do crime, ele se recusou a dar explicações.
De acordo com a investigação, o feminicídio aconteceu por volta das 8h, quando Ana Paula tomava café no quarto. O suspeito permaneceu por horas com o corpo no local antes de enviar fotografias do cadáver aos irmãos da vítima, que acionaram a Polícia Militar.
O pai de Rodrigues esteve na delegacia e entregou um laudo médico que atesta esquizofrenia, relatando ainda que o filho já havia passado por tratamento psiquiátrico. A perícia médica será responsável por avaliar se o suspeito tinha plena capacidade de entendimento na hora do crime. Caso seja confirmada a incapacidade total ou parcial, a pena pode ser reduzida de um a dois terços, mas não há possibilidade de isenção.
Ana Paula havia se mudado para Sinop há cerca de um mês, vinda de Brasília, para trabalhar em uma clínica. Postagens em suas redes sociais indicavam que enfrentava dificuldades no relacionamento, mas familiares, que moram no Distrito Federal, não tinham conhecimento da situação. A delegada destacou ainda que o casal frequentava uma igreja local, mas não tinha vínculos de amizade na cidade que pudessem ajudar a esclarecer a convivência entre os dois.
Renata Evangelista aproveitou para reforçar a necessidade de atenção aos sinais de violência em relacionamentos. “Ele deu indícios de que poderia cometer esse tipo de crime. É fundamental que as mulheres não ignorem comportamentos anormais e não assumam o papel de salvadoras”, alertou.
Lucas Rodrigues teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e está recolhido no Presídio Osvaldo Florentino Leite, o “Ferrugem”.