Conteúdo/DOC - O governador Mauro Mendes (União Brasil) determinou, nesta quinta-feira (26), que a Secretaria de Estado de Segurança Pública abra investigação imediata para apurar o vazamento de um relatório sigiloso da Polícia Civil que envolve deputados estaduais em um suposto esquema de superfaturamento na aquisição de kits agrícolas com recursos oriundos de emendas parlamentares.
A ordem foi endereçada ao secretário de Segurança, coronel César Roveri, após o governador receber um ofício do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Max Russi (PSB), cobrando providências. Mendes fez a solicitação de próprio punho no documento: “Ao Secretário de Segurança, para providências urgentes para identificação do vazamento”.
O conteúdo sigiloso, que veio a público por meio de reportagem do portal UOL, aponta 14 deputados estaduais, além de um prefeito e um secretário de Estado, como possíveis envolvidos na destinação de emendas parlamentares utilizadas para compras com indícios de sobrepreço, intermediadas pela Secretaria de Agricultura Familiar (Seaf). A apuração faz parte da Operação Suserano, deflagrada em setembro de 2024, que estima um prejuízo superior a R$ 28 milhões aos cofres públicos.
Max Russi alertou, no ofício encaminhado ao Executivo, que a divulgação indevida do documento compromete o devido processo legal e a segurança das investigações. Ele destacou que a exposição pública dos parlamentares pode afetar o direito à ampla defesa e comprometer o equilíbrio entre os Poderes.
“Referido documento, de natureza sigilosa, passou a circular de maneira irregular, expondo parlamentares e colocando em risco o trâmite legal da apuração”, diz trecho do documento assinado por Russi. O parlamentar também exigiu a identificação dos responsáveis pelo vazamento e a adoção de medidas que evitem novas ocorrências semelhantes.
O relatório da Polícia Civil teria se baseado em informações preliminares da Controladoria Geral do Estado (CGE). No entanto, o controlador-geral, Paulo Farias Nazareth Neto, esteve na Assembleia Legislativa nesta quinta-feira e negou que o órgão tenha mencionado nomes de deputados nos documentos técnicos enviados aos órgãos de investigação.
Entre os parlamentares citados no relatório estão o ex-presidente da ALMT, José Eduardo Botelho (União), além de Dilmar Dal Bosco (União), Faissal Calil (Cidadania), Ondanir Bortolini “Nininho” (PSD), Julio Campos (União), Alan Kardec (PSB), Carlos Avalone (PSDB), Gilberto Cattani (PL), Thiago Silva (MDB), Wilson Santos (PSD), Dr. Eugênio (PSB), Fabio Tardin (PSB), Doutor João José (MDB) e Juca do Guaraná (MDB), além do atual prefeito de Rondonópolis, Cláudio Ferreira (PL), que à época era deputado estadual.
Todos os parlamentares negaram envolvimento no suposto esquema e demonstraram indignação com o vazamento do relatório. O deputado Diego Guimarães (Republicanos) também é mencionado no documento, mas não chegou a efetuar o pagamento de emendas.