Conteúdo/ODOC - A morte do técnico de enfermagem Hélcio José dos Santos, ocorrida dentro do Hospital Metropolitano de Várzea Grande, tem gerado forte comoção e acusações de negligência por parte da família. Hélcio foi encontrado sem vida dentro de um banheiro trancado da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da unidade, já em estado de decomposição, quase 24 horas após ter assumido um plantão no domingo (21).
A filha do profissional, Danieli Santos, tem usado as redes sociais para cobrar respostas e denunciar o que considera um caso grave de abandono. Em diversas publicações feitas pelo stories do Instagram, nesta terça-feira (22), ela aponta que o pai agonizou por horas dentro do banheiro sem que nenhum colega de trabalho percebesse sua ausência.
“Meu pai entrou para trabalhar e desapareceu. Só foi encontrado no outro dia, já morto, em decomposição. Como isso pode ter acontecido dentro de um hospital, com uma equipe completa por perto?”, questionou. “Os pertences dele estavam no balcão, onde ele os deixou. O banheiro onde ele morreu era de uso comum da equipe. Todos passaram por lá e ninguém fez nada?”, desabafou.
Em outro relato, Danieli reforçou a dor da família diante da forma como tudo ocorreu. “Eu nunca irei aceitar como tudo aconteceu. Saber que você agonizou dentro de um banheiro por três horas e que somente depois de 20 horas foram te encontrar, já entrando em estado de decomposição. Isso me dói”.
A revolta da filha também aponta falhas graves na gestão da escala de trabalho. “Quem assumiu os pacientes dele?. Como foi feita a passagem de plantão faltando um funcionário?. O enfermeiro responsável fez o quê?”, escreveu ela, marcando o Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT) e pedindo providências.
A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES) confirmou a morte e informou, por meio de nota, que o profissional fazia parte de uma equipe terceirizada responsável pela UTI. Segundo a pasta, a empresa contratada — cujo nome não foi divulgado — não notificou a direção do hospital sobre o desaparecimento de Hélcio.
A direção da unidade teria acionado a Perícia Oficial (Politec) apenas após conseguir arrombar a porta trancada onde o corpo foi encontrado.
O Coren-MT também se pronunciou e afirmou que acompanha o caso. “Reforçamos a necessidade de esclarecimento dos fatos, especialmente por se tratar de um óbito ocorrido em ambiente de trabalho”, declarou o órgão, por nota oficial.
Família cobra apuração
A família exige respostas sobre a conduta da equipe durante o período em que Hélcio esteve desaparecido. “Como um funcionário morre dentro de um banheiro, fica 4 horas com vida desacordado e ninguém da equipe nota sua ausência?”, escreveu Danieli em mais uma publicação.
A filha ainda fez um apelo: “Eu aceito a morte do meu pai. Mas não aceito ele ter ficado morto por 20 horas dentro de um banheiro com toda a equipe ali. Quem cuidou dos pacientes dele?”.