Conteúdo/ODOC - Uma criança de 5 anos foi vítima do suposto esquema de falsificação de exames da clínica Bioseg – Saúde e Segurança do Trabalho, fechada nesta sexta-feira (15) durante a Operação Contraprova.
A menina morreu em dezembro de 2024, após complicações de um acidente doméstico, quando um tacho com líquido fervente caiu sobre ela.
A informação foi divulgada pelo delegado Rogério da Silva Ferreira, titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), durante coletiva de imprensa.
Segundo ele, todos os exames realizados pela criança teriam sido falsificados pelo laboratório, e médicos constataram que os resultados não correspondiam ao quadro clínico apresentado.
“As investigações apontaram situações gravíssimas, como a de uma menina de 5 anos, vítima de um acidente no interior do Estado, que ficou internada em Cuiabá e depois passou a tratamento em home care. Ex-funcionários dessa rede disseram que todos os laudos e exames feitos por ela foram falsificados pelos sócios da empresa”, relatou o delegado.

Apesar da gravidade, Rogério ressaltou que, até o momento, não é possível afirmar se a falsificação dos exames contribuiu para a morte da criança. “O estado dela já era grave, e ainda não há comprovação de que as falsificações tenham relação direta com o óbito. Mas isso não diminui a gravidade da conduta dos responsáveis”, afirmou.
A Operação
A ação policial prendeu o empresário e biomédico Igor Phelipe Gardes Ferraz, dono do laboratório. Os sócios-administradores Bruno Cordeiro Rabelo e William de Lima foram alvos de mandados de busca e apreensão.
A Bioseg atendia órgãos públicos, como a Câmara e a Prefeitura de Cuiabá, além de clínicas particulares, nutricionistas e convênios médicos.
As investigações começaram em abril deste ano, após denúncia da Vigilância Sanitária de que o responsável técnico estaria falsificando resultados de exames. Na ocasião, a unidade foi interditada e o suspeito chegou a ser preso em flagrante.
O laboratório coletava amostras biológicas, inclusive de pacientes em home care, e realizava exames como Covid-19, toxicológico e de detecção de doenças como sífilis, HIV e hepatites. Unidades funcionavam em Cuiabá, Sinop e Sorriso.
No entanto, a polícia apurou que os exames não eram realizados nem enviados a outros laboratórios. As amostras eram descartadas e os laudos, falsificados pelo responsável técnico.
Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidas armas, munições e documentos.
Ao final do inquérito, os investigados poderão responder por estelionato, falsificação de documento particular, peculato e associação criminosa, crimes que somam penas de até 25 anos de prisão, além de multa.