ALFREDO DA MOTA MENEZES

EUA, China e MT

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EUA, China e MT

Donald Trump assume a presidência dos EUA em 20 de janeiro. Já deu sinais que vai enfrentar a competição dos chineses no plano mundial. Começa pela própria casa ao falar que pode criar uma taxa extra à entrada de produtos daquele país e até de outros também.

Antes os EUA davam bronca quando países, como o Brasil fez, que cobrava taxas extras sobre produtos importados dali porque não podiam competir com os deles. Hoje diz que vai fazer aquilo que criticava em outros há algum tempo atrás.

Uma área do mundo em que parece que a coisa pode pegar é a América do Sul. A presença chinesa é crescente e Trump quer estancar um pouco essa caminhada. Não vai fazer o mesmo enfrentamento em outros lugares da América por que por ali a presença norte americana é forte, como em Honduras, Guatemala, El Salvador, República Dominicana ou México. Mas para o sul do continente a coisa está escapando do domínio econômico deles.

É um assunto que interessa o Brasil, principalmente a Mato Grosso. A China, em retaliação aos EUA, pode deixar de comprar muitas coisas dos nortes americanos e buscar novos mercados para negociar. Soja, milho, carne bovina que os chineses compram dos EUA, se houver retaliação e guerra comercial, eles vão buscar novos vendedores. Aí entra o interesse do Brasil e de MT.

Trump sinalizou que vem algo nesse embate com os chineses na América do Sul ao indicar para secretário de estado ou ministro do exterior, Marco Rubio, filho de imigrantes cubanos que foram para os EUA. Escolheu alguém que tem ligação com as coisas e assuntos latino-americanos. Vem embate entre duas grandes potências e a América do Sul seria um desses lugares.

Fatos mostram que a China tem interesse mesmo na região. Está acabando de construir um porto no Peru com intenção de aumentar comércio com a América do Sul, vender e comprar por ali. Fatos interessantes aparecem nesse embate anunciado.

Donald Trump teve vitória eleitoral forte junto ao agro dos EUA. Nesse embate com os chineses, se eles decidirem comprar bens em outros lugares, quem perde seria o homem do agro dos EUA. Perderia o maior mercado do imundo da atualidade.  Como contornar isso lá nos EUA no governo Trump?

Outro dado: como reagiria o produtor rural do Brasil, com ênfase em MT, frente a essa mudança no tabuleiro internacional? No geral o homem do campo no Brasil é mais à direita do espectro politico. Prefere as teses e o estilo de vida norte americano do que o da China, pais de partido único e outros detalhes que o diferencia do modelo mundial de democracia.

MT não tem alternativa. Usando uma linguagem antiga: tem que engolir seco e manter o comércio com os chineses. Aquele país compra algo como 40% do que se produz aqui e os EUA não compram nadinha daqui porque é grande produtor mundial do que se produz aqui.

Momento interessante na politica e comércio mundial que está chegando e MT deve ficar antenado nos fatos e atos que vem por aí.

Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.

E-mail: pox@terra.com.br