REAÇÃO

Estado anuncia militarização de escola onde aluna foi filmada sendo agredida por ‘facção mirim’

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Estado anuncia militarização de escola onde aluna foi filmada sendo agredida por ‘facção mirim’
Vítima de 12 anos anos foi brutalmente agredia por quatro colegas na segunda-feira dentro da escola

Conteúdo/ODOC - A Escola Estadual Carlos Hugueney, em Alto Araguaia (419 km de Cuiabá), será transformada em uma unidade cívico-militar. A decisão foi anunciada na manhã desta quarta-feira (6) pelo secretário estadual de Educação, Alan Porto, após a repercussão do vídeo que mostra uma aluna de 12 anos sendo brutalmente agredida por colegas dentro da instituição.

As agressões ocorreram na segunda-feira (4) e foram cometidas por quatro adolescentes, com idades entre 11 e 14 anos, todas estudantes da escola. As imagens do ataque foram registradas pelas próprias agressoras e divulgadas em redes sociais. A Polícia Civil iniciou as investigações no mesmo dia.

Na terça-feira (5), a Justiça de Mato Grosso determinou a internação provisória de três das quatro envolvidas. Elas serão encaminhadas para uma unidade socioeducativa em Cuiabá. A quarta adolescente, de 11 anos, não foi internada por estar abaixo da idade permitida para esse tipo de medida, conforme prevê a legislação.

De acordo com o secretário Alan Porto, o governo estadual já iniciou o recrutamento de policiais da reserva que irão atuar na nova estrutura da escola. A proposta da gestão é reforçar a disciplina e a segurança no ambiente escolar.

“Nós determinamos que a unidade escolar Carlos Hugueney será transformada em uma unidade cívico-militar. Já estamos fazendo o recrutamento dos policiais da reserva para que possamos atuar naquele ambiente”, declarou o secretário.

Segundo ele, a decisão foi comunicada à direção da escola, que demonstrou total apoio à mudança. “Conversei hoje cedo com a diretora, prestei todas as informações e informei dessa medida. Ela concorda 100% que a gente faça essa transformação, para que ali tenha um ambiente mais adequado às regras, uma disciplina”.

Alan Porto ainda reforçou que o governo estadual não vai tolerar ações criminosas ou atos de violência dentro das escolas da rede pública. “Vamos continuar avançando forte nessas intervenções e não vamos permitir que nenhuma escola do estado de Mato Grosso tenha qualquer tipo de organização nesse sentido”, completou.

Investigação

Durante as investigações, conduzidas pela Delegacia de Alto Araguaia, as adolescentes confessaram que também agrediram outras quatro colegas.

Vídeos dessas outras agressões foram encontrados nos celulares das envolvidas, que demonstravam agir com uma estrutura semelhante à de uma organização criminosa, segundo o delegado Marcos Paulo Batista de Oliveira.

“O grupo formado por alunas da mesma escola agia de forma semelhante a uma organização criminosa, com regras internas e punições impostas às integrantes que as desrespeitassem”, explicou o delegado.

Ainda segundo ele, a vítima inicialmente identificada como alvo principal do vídeo teria sido espancada por descumprir uma dessas regras — uma delas era a proibição de chorar durante as agressões, sob pena de aumento da violência.

As investigações também revelaram que uma das adolescentes já havia sido levada à delegacia anteriormente por envolvimento com adultos ligados a facções criminosas e por porte de entorpecentes.

Ao todo, cerca de 10 pessoas foram ouvidas, incluindo os pais das envolvidas, a direção da escola e a vítima. A Polícia Civil apurou ainda o histórico familiar das adolescentes e constatou que algumas pertencem a famílias com vínculos com o crime organizado, o que, segundo o delegado, pode ter influenciado a conduta violenta.

“Durante as oitivas, foi possível verificar que algumas das menores envolvidas tentavam reproduzir no ambiente escolar aquilo que presenciavam dentro de casa”, destacou Marcos Paulo.

As investigações seguem em andamento.