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Escrivão da Polícia Civil afirma que é ameaçado e perseguido por delegado pré-candidato a prefeito

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Delegado rechaça acusações e afirma que são de cunho político

Conteúdo/ODOC – O escrivão da Polícia Civil A.C.H, 50 anos, registrou um boletim de ocorrência contra o delegado e pré-candidato à prefeito de Brasnorte (570 km de Cuiabá), Eric Márcio Fantin (PL), pelos crimes de perseguição, ameaça, perturbação do trabalho ou sossego alheio, desacato e calúnia. O desentendimento entre ambos teria ocorrido no dia 8 de julho, mas são resquícios de um problema mais antigo, conforme o escrivão descreveu no B.O.

Contudo, para o delegado candidato, a denúncia do escrivão tem cunho eleitoral, pois ele é apoiador do adversário político dele e tem um filho trabalhando na Prefeitura, cujo valor é importante para a família.

Segundo a vítima narrou no boletim de ocorrência, por volta das 10h40, Fantin chegou à delegacia para registrar uma ocorrência. Ele dirigiu-se ao cartório onde o comunicante e a uma investigadora trabalhavam. A porta estava encostada, e Fantin entrou, cumprimentando inicialmente a investigadora. Em seguida, aproximou-se do comunicante e o cumprimentou. O ambiente, que até então estava calmo, mudou drasticamente quando Fantin começou a exigir que o comunicante não conversasse com seu advogado.

A.C. H. pediu que Fantin o respeitasse, lembrando que ele estava ali como um cidadão comum. Em resposta, Fantin exaltou-se e começou a gritar, ordenando que o comunicante ficasse quieto e somente respondesse com “sim senhor” ou “não senhor”. Em tom de ameaça, ele exigiu respeito à instituição e tentou intimidar o comunicante com uma postura agressiva.

A situação escalou a ponto de atrair a atenção de outros funcionários da delegacia. Outros dois investigadores intervieram, retirando o pré-candidato do cartório. Durante a remoção, Fantin ainda ameaçou o escrivão, sugerindo que colocassem a situação “no papel”.

Outros policiais e uma funcionária cedida para a delegacia ouviram a gritaria e presenciaram a confusão. O escrivão ficou abalado com a situação e decidiu deixar a delegacia temporariamente após o incidente.

No boletim de ocorrência, o escrivão menciona um histórico de assédio moral e perseguição por parte de Fantin, desde o período em que ele era delegado em Brasnorte. Ele relatou que foi pressionado a deixar a cidade, chegando a tirar 30 dias de férias e 30 dias de licença-prêmio. Mesmo assim, o delegado e atual pré-candidato insistia para que ele pedisse transferência para outra delegacia. A situação só não se concretizou porque o delegado foi transferido para Juara.

Diante dos eventos recentes, A.H. decidiu registrar a ocorrência, alegando que o delegado ultrapassou todos os limites ao não respeitar nem mesmo seu local de trabalho. O escrivão está psicologicamente abalado e teme pelas possíveis ações do atual pré-candidato após tomar conhecimento da ocorrência registrada.

Denúncia de cunho eleitoral

Para a reportagem de O Documento, o delegado e pré-candidato à prefeito disse que lamentavelmente essas denúncias tem cunho eleitoreiro com objetivo de trazer publicidade negativa para ele. Contudo, juridicamente, não tem fundamento e ele está tranquilo.

“Eu estava na delegacia como cidadão comum e ele é quem descumpriu os deveres dele ao se manifestar. Quando eu fui fazer o BO da ameaça ainda antes dos tiros da minha residência, falou para o meu advogado que eu só estava atrás de mídia. Se ele tivesse falado para mim eu teria tirado satisfação no mesmo dia, mas eu só fiquei sabendo depois. Ao encontrá-lo eu falei: olha, da próxima vez que você disser isso, você pode ter o lado que você quiser, mas aqui dentro se você disser isso, eu vou te responsabilizar. Para se defender, ele fez aquela narrativa lá no boletim de ocorrência, mas agora ele vai responder por isso”.

A casa do delegado Eric Fantin foi alvo de um ataque a tiros na madrugada de 19 de junho, em Brasnorte. Ele não estava na residência, mas uma câmera de segurança registrou o momento em que um motociclista se aproxima da casa, faz diversos disparos e foge. Na época, ele acusou um narcotraficante e um empresário de planejarem a sua morte.

 

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