Não importa quantos anos temos. Trinta, quarenta, até sessenta - enquanto a mãe está viva, sentimos que somos filhos de alguém. Podemos ter um filho adulto, duas filhas, uma carreira, cabelos grisalhos nas têmporas - mas basta ouvir a voz familiar: "Como você está?" - e nos sentimos de volta à infância. Aquele lugar onde há mãos quentes, o cheiro de bolo fresco, onde podemos simplesmente ser nós mesmos, sem precisar provar nada.
Enquanto a mãe está viva, o mundo não parece tão assustador. Ele é mais compreensível. Há alguém que sempre está esperando, se preocupando, ansioso, mesmo se você já vive separado há muito tempo. Há alguém que lembra do seu aniversário melhor do que você mesmo, sabe como você gosta do chá e percebe pelo tom da sua voz como você está se sentindo.
A mãe é nossa conexão com a origem, com as raízes, com algo muito pessoal e acolhedor. Ela pode tanto nos repreender quanto nos consolar. Pode não concordar, mas mesmo assim será a primeira a estender a mão quando precisamos de ajuda. A mãe é aquela que se preocupa mesmo quando dizemos: "Estou bem".
Mas chega um dia em que não há mais para quem ligar. Quando você quer compartilhar uma alegria ou desabafar no telefone - mas o número já não atende. E então vem o silêncio. Frio, penetrante. O silêncio no qual você realmente amadurece.
A partida da mãe não é apenas uma perda. É a perda de uma parte de si mesmo. Como se um pedaço da alma fosse arrancado, e você aprende a viver com esse vazio. Aprende a ser o apoio para os outros, se torna pai ou mãe, porto seguro, lar. Mas lá no fundo, você ainda é aquela criança que muitas vezes sente falta das palavras da mãe: "Vai ficar tudo bem. Estou com você".
Enquanto a mãe está viva, temos um lugar para onde voltar, mesmo se tivermos cometido erros. Enquanto a mãe está viva, estamos sob suas asas, não importa o quão fortes e independentes sejamos.
Cuide das suas mães. Abrace, ligue, visite. Não espere pelo "momento certo" - ele pode nunca chegar.
E diga a elas: "Obrigada. Eu te amo". Porque, enquanto a mãe está viva, não estamos sozinhos. Somos crianças.
KARIEL C OLIVEIRA FEITOSA