ALFREDO DA MOTA MENEZES

Em nome dos engambelados

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Em nome dos engambelados

Tudo indica que o Hospital Júlio Muller deve estar pronto ainda neste ano. Uma obra que começou em  2012 e até agora não terminada. Era para a Copa do Mundo de 2014. Outras obras para aquela Copa também não terminaram, exceção ao estádio de futebol. Seria incrível se nem isso fosse concluído. Voltando ao hospital que nunca foi concluído.

A obra foi paralisada, em certo momento, com a alegação de que havia um rego d’água naquele terreno. Que foi isso que fez a não conclusão. Se havia o tal rego o projeto executivo da obra nunca previu isso? Cadê o tal projeto executivo? Quem o fez? Ninguém nunca contestou esse tal projeto. O projeto não viu que havia o rego d’água?.        

Se havia, ela secou? Porque a idiota indagação? Se havia, isso não iria desaparecer de uma hora para outra. Órgãos de defesa da sociedade, como Tribunal de Contas do estado, Tribunal de Contas da União ou Ministério Público não se envolveram sobre tudo isso?.

 Tudo indica que agora deve ser concluído o hospital Júlio Muller. Ali deve ser base para as Faculdades de Medicina e Enfermagem da UFMT, para práticas cotidianas de estudantes dessas áreas médicas. 

Essa obra paralisada por tanto tempo é um dos exemplos de como funcionava o jogo eleitoreiro em torno de obras de ficção na busca de votos na próxima eleição.

Havia uma tradição maligna na política e administração pública no estado. Alguém no governo iniciava uma obra qualquer, não especificamente este hospital, e sabia que não ia terminá-la. Não havia dinheiro suficiente para isso ou até o tal projeto executivo mostrava que a obra era inviável.

Mas se ia em frente e mostrava para sociedade, com bastante barulho e tambores, que aquele governador estava fazendo tal obra. Daqui a pouca se paralisava tudo. O outro governador que entrava não ia mexer em tal vespeiro que deva votos e prestigio àquele governador que a iniciou. O elefante branco ficava lá.

O governador que saiu falava pelos quatro cantos que iniciara a obra, que a deixara com tantos por cento concluídas e que seu adversário politico não concluía o pouco que faltava. Tudo jogo de cena. O governador que iniciava a obra sabia que não ia até o fim. E o outro não ia mexer em algo que não lhe renderia dividendos eleitorais.    

Parece conto de Gabriel Garcia Marques em livro que descrevia a Macondo, criada pelo escritor colombiano. Aqui era uma macondo também. E o mais interessante é que esse ou aquele grupo político se entrincheirava atrás desse ou daquele governador e acusava o outro de não concluir a obra.

Tem uma colocação muito antiga em Cuiabá sobre obras não concluídas e que ficavam no jogo de empurra-empurra dos grupos políticos: éramos um povo idiota? Que deixava ser conduzido por gentes que faziam com um hospital dessa importância algo mesquinho do dia a dia da política local? Que os dirigentes eram os sabidos e eu e você os trouxas do momento? Coisas da vida real do estado.

Alfredo da Mota Menezes é analista político