Conteúdo/ODOC - Apontado como líder de um esquema milionário de desvio de recursos da Conta Única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), o empresário João Gustavo Ricci Volpato anexou à investigação um bilhete manuscrito em que tenta livrar a mãe, Luiza Rios Ricci Volpato, e o irmão, Augusto Frederico Ricci Volpato, de qualquer envolvimento nas empresas investigadas.
No bilhete, Volpato afirma que era o único responsável pela administração das empresas Labor FM e RV Cobrança. “Eu, João Gustavo R. Volpato, declaro que a gestão das empresas Labor FM e RV Cobrança estavam sob a minha gestão somente. E que a minha mãe Luiza R. R. Volpato e meu irmão Augusto R. Volpato não tinham domínio da administração das mesmas”, escreveu.
João, a mãe e o irmão tiveram a prisão preventiva decretada na Operação Sepulcro Caiado, deflagrada pela Polícia Civil na última quarta-feira (30). Luiza foi solta durante audiência de custódia.

Além deles, também foram presos os advogados Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa Franca Praeiro, Rodrigo Moreira Marinho, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto e Régis Poderoso de Souza. O servidor do Judiciário Mauro Ferreira Filho é considerado foragido.
A operação cumpriu 22 mandados de busca e apreensão, 16 bloqueios de valores que somam R$ 21,7 milhões, 46 quebras de sigilo bancário e fiscal, além do sequestro de 18 veículos e 48 imóveis. As diligências ocorreram em Cuiabá, Várzea Grande e Marília (SP).
De acordo com a investigação, o grupo atuava por meio de ações de cobrança fraudulentas, protocoladas em nome de empresas. Os suspeitos apresentavam comprovantes falsos de depósitos judiciais para simular o pagamento de dívidas. Um servidor com acesso à conta única do TJ-MT teria manipulado o sistema para liberar alvarás de forma ilegal.

Ao menos 17 processos, protocolados entre 2018 e 2022, são alvo da apuração. O esquema teria sido desarticulado após o Tribunal mudar o sistema de repasses em 2023.
As vítimas incluem empresários e pessoas físicas. Em um dos casos, o valor da dívida real era inferior a R$ 100 mil, mas foi quitada ficticiamente em mais de R$ 1,8 milhão. Há ainda a utilização indevida do nome de uma pessoa interditada judicialmente.
Os investigados devem responder por crimes como organização criminosa, estelionato, peculato, falsidade ideológica, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro.