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Opinião

EDUARDO PÓVOAS – Ah, se pudesse……

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Se Deus me desse o poder de voltar o tempo alguns anos atrás, seria um presente, que sonho por diversas vezes que vou recebê-lo. Não quero este presente para fazer o que hoje acho que deveria ter feito ou, não fazer o que de mal fiz. Seria um retrocesso para matar saudades da minha infância, da minha juventude e dos meus anos de universidade.

Seria um retrocesso para abraçar meus colegas e amigos que muitos fiz, seria um retrocesso para viver novamente as aulas de Francisval de Brito, de Rafael Rueda, de Benedito Pereira do Nascimento, de Ivan Arraes, de Jõao Crisóstomo de Figueiredo, o “bom dia” de Sebastião de Figueiredo, as “aulas” de educação física de Haongrízio Cintra, e das peladas escondidas no campo do Colégio Estadual de Mato Grosso, sempre um olho na bola e outro no bodoque do “Burro Preto” zelador implacável do campo.

Seria um retrocesso para após as aulas ir ao bar do Sinfrônio (onde existia o melhor picolé de groselha do planeta), e escutar dele, ao pegar o picolé no freezer, dizer às meninas: “segura no pau”.

Um retrocesso para ir ao Clube Feminino no bingo dançante aos domingos à noite, escutar Jacildo e seus rapazes e tentar ganhar uma camisa “volta ao mundo”. Ganhei uma, a única coisa que ganhei na vida.

Um retrocesso para dançar na pista do cine Tropical, o único que tomei conhecimento no Brasil que tinha pista de dança,  antes de assistir os maravilhosos filmes lá exibidos.

Um retrocesso para sentar nos bancos da Praça Alencastro e ficar admirando a beleza da menina cuiabana, vendo a “Preta” irmã de Traçaia (um dos maiores jogadores do Centro Oeste) puxar a moçada para uma brincadeira.

Um retrocesso para assistir as missas dos domingos na Igreja da Boa Morte, assistir após, o Catecismo para conseguir de Frei Quirino o campinho de pelada.

Queria um retrocesso para voltar aos monumentais jogos dos domingos no Presidente Dutra, onde às 14 horas em um Operário e Mixto, um Mixto e Dom Bosco, o estádio já estava totalmente lotado. De cima de umas cabines escutávamos: “Alô alô Várzea Grande, Cuiabá, Coxipó, Cristo Rei, Operário chamandoooooo”. Era o inconfundível e inimitável Ivo de Almeida.

Um retrocesso me faria lembrar das aulas que “matávamos” para no Toyota Bandeirantes azul de Moacir Spinelli, irmos para um futebol de salão no Clube Náutico e depois um delicioso banho no Rio Cuiabá (escondido dos pais, claro).

Se pudesse Senhor, reuniria hoje meus milhares de amigos, pintaria de preto seus cabelos, tiraria de alguns a bengala, trataria de outros suas diabetes, devolveria a outros a agilidade de um Fulepa no gol, e juntos, todos após agradecer-Lhe por esse momento, seriam meus convidados, para que no Bar do Beto ou Bar Pinheiro pudéssemos tirar de um saco de estopa, envolta por palha, um cerveja Antártica faixa azul e brindarmos pelos maravilhosos momentos que o Senhor nos ofereceu.

Senhor, obrigado por me conceder momentos que muito poucos tiveram. Nada e nem o tempo me apaga essas memórias.

EDUARDO PÓVOAS-PÓS GRADUADO PELA UFRJ.

 

 

 

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