Opinião
DIRCEU CARDOSO – A CPMI que pode restaurar o Brasil
Começará nesta terça-feira – 13/06 – a investigação que poderá conduzir o País a um novo patamar político e até institucional. A Comissão Parlamentar Mista de Investigação sobre os acontecimentos de 8 de janeiro tem o objetivo de esclarecer o que realmente ocorreu naquele fatídico dia em que a turba invadiu e quebrou as sedes da Presidência da República, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
Deputados e senadores têm a missão de identificar os episódios, seus mandantes e executores e, principalmente, conhecer quais os reais objetivos, as ações e, principalmente, as omissões que compuserem o quadro. Cada ator desse bestial episódio tem de ser responsabilizado pelo que fez ou deixou de fazer quando tinha obrigações a cumprir. É impróprio penalizar apenas o governo do Distrito Federal e afrouxar a culpa dos outros agentes públicos, inclusive o próprio presidente da República, ministros e chefes da segurança dos próprios sinistrados.
A principal tarefa dos parlamentares é fugir das versões segundo as quais tudo não passou de uma tentativa de golpe de bolsonaristas ou – ao contrário – da omissão propositada dos governistas encarregados da segurança dos prédios saqueados que, com isso, teriam tentado deixar os ataques seguirem para culpar os adversários seguidores do ex-presidente. É preciso rejeitar as narrativas interesseiras e apurar com toda a responsabilidade a materialidade dos fatos.
Não há a menor verossimilhança nas afirmações de que o País esteve à beira de um golpe de Estado. Por mais vontade que alguns pudessem ter, os Poderes da Repúblicas e as Forças Armadas em momento algum se mobilizaram em direção à ruptura.
O discurso que fala de “atos antidemocráticos”, que acabou sustentando a discutível quiçá injusta prisão e os processos contra quase 2 mil manifestantes que protestaram diante dos quartéis, também deve ser pesquisado e cuidadosamente analisado. Pode não passar de um embuste produzido na esteira da polarização que tem levado a política brasileira a um dos seus mais sombrios períodos.
Parece que a maior parte do que se produziu nos pouco mais de cinco meses que nos separam do quebra-quebra de Brasília é material inservível pois foi realizado sem a devida isenção. A Nação, incomodada pelos acontecimentos, clama pela verdade e, a rigor, nesse particular, não está com Bolsonaro nem com Lula que, queiram ou não, capitaneiam a cisão da política nacional. Queremos a verdade e o fim das mistificações e das atitudes extremadas que só servem para promover o descrédito das instituições e o sofrimento da população.
Os 594 parlamentares – tanto os integrantes da CPMI quanto os que votarão seu relatório final – terão a mais rara oportunidade de servir à Pátria. Se trabalharem bem e não cederem a interesses subalternos ou ideológicos, um novo Brasil poderá surgir. Os arroubos e a incompreensão generalizada não podem continuar porque tumultuam a vida nacional e poderão, até, destruir a democracia que todos enfatizam, mas poucos realmente defendem. Que Deus os ilumine…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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